O PAVÃO MISTERIOSO – CORDEL EM QUADRINHOS
Editoras: Luzeiro e Tupynanquim
Autores: José Camelo (texto original), Sérgio Lima (desenhos) e Klévisson Viana (repaginação e balões).
Preço: R$ 25,00
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Maio de 2010
Sinopse
O jovem Evangelista vivia tranquilo na Turquia até o dia em que seu irmão João Batista trouxe de sua viagem à Grécia a foto da bela Creusa. Foi amor à primeira vista.
A partir de então, Evangelista decide que terá para si o amor de Creusa. E, após chegar à Grécia, contará com a inusitada ajuda de uma misteriosa máquina voadora em forma de pavão.
Positivo/Negativo
Em tempos em que renomadas obras da literatura brasileira e mundial são lançadas no Brasil em forma de quadrinhos, é interessante que o mesmo caminho seja percorrido por uma popular obra do cordel nordestino.
Mas, ressalte-se, trata-se de uma republicação: a edição original foi publicada na década de 1960 pela Editora Prelúdio, que na época tinha um projeto de quadrinizar vários cordéis famosos. E para isso chamou grandes nomes do mercado, como Sérgio Lima e Nico Rosso.
A ideia, no entanto, não foi bem recebida pelos leitores e estudiosos de então. As razões para isso iam desde um preconceito tolo com o cordel aos nomes equivocados que a editora adotou para a coleção (Folclore em Quadrinhos ouHistórias do Norte em Quadrinhos), passando pela total falta de uma adaptação para a linguagem das HQs - não havia balões, por exemplo.
Por isso, o projeto foi engavetado e muitas dessas adaptações permanecem inéditas até hoje. Essas informações constam do valioso texto de apresentação do álbum, assinado pelo pesquisador Marcus Haurélio Fernandes Farias, que descobriu esse acervo (quase) perdido do quadrinho nacional.
Editorialmente, o grande mérito desse resgate fica para o quadrinhista cearense Klévisson Viana, autor dos excelentes Lampião... Era o cavalo do tempo atrás da besta da vida e A moça que namorou com o bode.
Para transformar, O pavão misterioso, efetivamente, numa adaptação para quadrinhos, Klévisson recompôs as páginas, colocando balões de texto nas bocas dos personagens desenhados por Sérgio Lima. E o melhor: diagramou as cenas de forma tão cuidadosa, que não atrapalha a fluência das rimas de José Camelo.
Aliás, se o texto reflete bem a inocência do cordelista, natural de Guarabira, na Paraíba, com uma moça grega e rapazes turcos com nomes pra lá de brasileiros, também merece elogios pela inventividade. Afinal, uma máquina voadora em forma de pavão tem arroubos de ficção científica para os anos 20.
Os desenhos de Sérgio Lima, hoje, podem ser considerados datados, mas primam pela anatomia correta e o bom domínio de luz e sombras. Seguem uma linha bem clássica.
A Luzeiro e a Tupynanquim fazem um bom trabalho editorial, com direito a reserve de verniz na capa. No entanto, há alguns erros de revisão, como "o leitor tradicional do cordel e os amantes das HQs tem", na quarta capa, "os estrangeiros tem", na página 13 - (ambos os casos, o correto seria 'têm") e um "idéia", na página 20 (como as editoras optaram pelo uso da nova ortografia, o certo é sem acento).
Esses equívocos, claro, não atrapalham a compreensão da história, mas como o álbum tem bastante potencial para ser adotado em planos de incentivo à leitura, certamente, são pontos bem negativos.
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