O PEQUENO LIVRO DO ROCK
Editora: Conrad Editora
Autores: Hervé Bourhis (texto e desenhos), Fabiana Caso e Laurence Trille (tradução) - Originalmente em Le Petit Livre Rock.
Preço: R$ 44,90
Número de páginas: 224
Data de lançamento: Março de 2010
Sinopse
O livro conta a história do rock ao longo de capas de disco, acontecimentos sociais e transformações culturais.
Positivo/Negativo
O início da música pop se entrelaça com histórias pouco palpáveis sobre lendas de bluesmen dos anos 30. Enquanto alguns artistas da região do Mississipi-Missouri dedilhavam sua melancolia em bares para garantir o dinheiro no final do mês, outros se preocupavam com a longevidade da carreira.
Assim foi com Robert Johnson, figura mais enigmática do blues, cujas especulações por ter vendido a alma para o diabo em troca de fama rendem discussões até hoje.
Não é à toa que Johnson aparece logo na primeira página deste Pequeno livro do Rock. O formato do livro remete aos discos de 45 RPM e convida o leitor para uma viagem aos primórdios do rock'n'roll até os dias atuais, destacando curiosidades e fatos marcantes nas décadas seguintes.
No primeiro capítulo, Hank Williams, Elvis Presley e Johnny Cash dividem as páginas com a invasão do mercado de jukeboxes, guitarras Fender e discos de 33 ½ e 45 RPM que substituem os de 78. Fatores que segmentam o consumo de música daquela década para a seguinte são pincelados para que o leitor entenda como esse processo evoluiu para a era digital, com os downloads de MP3.
Como a diagramação varia de sete a nove quadros por página, muitas das informações tendem a ser condensadas. Este fator, porém, não chega a atrapalhar a leitura, pois, apesar de vários fatos serem apresentados de maneira rasa, é no seu conjunto que dão certo, já que o tour de force desperta o interesse em "mergulhar" no livro.
Se for para falar das referências além-música, a lista não termina. Há o filme cult The Rocky Horror Picture Show, a graphic novel Ghost World, de Daniel Clowes, fatos que chocaram o mundo do showbizz, como o assassinato de Sharon Tate conduzido por Charles Mason - este, amigo próximo de vários artistas, como Brian Wilson, dos Beach Boys.
A proposta é boa e foge do convencional por se tratar de um assunto tão cultuado como o rock, mas que poucas vezes foi visto em quadrinhos - o exemplo mais próximo seria o confuso Red Rocket 7. O autor Hervé Bourhis usa o tom autobiográfico moderadamente, citando o que acontecia em sua vida ao longo da cronologia musical traçada na obra.
Sua paixão pela música vai além, já que em seus desenhos é fácil reconhecer diversas capas de álbuns que marcaram época. Bourhis não deixa nem de mostrar seu gosto pessoal: ao final do livro, ele recomenda seus artistas e músicas preferidos.
O mais interessante é que há uma preocupação com o que marcou cada época e estilo musical, sem se importar se determinado artista é conhecido ou não pelo grande público. A interação aqui fica por conta do conhecimento do leitor. A música brasileira está representada pela bossa-nova de João Gilberto, o rock-psicodélico dos Mutantes e até a recente banda Cansei de Ser Sexy.
Impossível não notar a falta de diversos grupos ao longo da leitura, mas como o próprio autor explica na introdução: "não sou um crítico de rock profissional, não tenho vontade de ser completo, objetivo ou de boa-fé (...) não tenho legitimidade para escrever este livro (...) mesmo assim o escrevi".
O espírito punk "faça-você-mesmo" de Bourhis continua até hoje, atualizando verbetes online com fatos que marcam o mundo da música atual.
A edição nacional é atualizada até o ano de 2009. Cabe ao leitor decidir se este será um "Guia dos curiosos" da música - que vai ocupar mais um lugar em sua estante -, ou se fará com que ele vá atrás das músicas e discos citados, complementando sua formação de cultura pop.
Classificação: