O PLEXO HOLÍSTICO
Editora: Barba Negra / CachaloteEdição especial
Autor: Diego Gerlach (roteiro e arte).
Preço: R$ 12,00
Número de páginas: 20
Data de lançamento: Outubro de 2011
Sinopse
Um beco sujo assiste ao combate entre um fantasiado e uma criatura estranha.
Positivo/Negativo
O projeto 1000, uma parceria entre a Cachalote, de Rafael Coutinho, e a editora Barba Negra, entrega ao leitor revistas de poucas páginas, sem texto de balão, legenda, onomatopeia ou recordatório, cada uma com o papel de uma cor e feita por um artista diferente e com histórias que não se relacionam.
O plexo holístico, de Diego Gerlach, fecha o ciclo inicial da série, inclusive com o lançamento de um encadernado com as seis primeiras edições.
Essa série é aberta à experimentação narrativa e os autores escolhidos até aqui são nomes que estão sempre à caça dos limites da linguagem, em detrimento de uma narrativa mais linear.
A obra de Gerlach, no entanto, não vai para muito longe no que diz respeito às ações e à estrutura narrativa, e aprofunda sua busca num gênero bastante típico das HQs de grande indústria: uma história de ação com uma longa cena de combate e, ao final, há um vencedor e tudo se acaba.
Gerlach não é um artista ingênuo que se permitiria fazer uma revista de ação qualquer. Basta ler sua Ano do Bumerangue para que não restem dúvidas. Tudo por aqui transgride, embora deixe pistas de reconhecimento.
A luta é entre um fantasiado e um ser monstruoso. E a razão do início da peleja é tão frugal que é impossível para o leitor não rir e se lembrar das desculpas para os super-heróis saírem na pancada contra uma ameaça.
O próprio título da edição parece nome de golpe de personagem de um videogame de luta.
Além da ironia com que encara e constrói sua cena de combate, Gerlach quebra um clichê atrás do outro ao não usar as lições de grandes desenhistas de ação da indústria norte-americana, como Jack Kirby. Lições essas que perduram em larga quantidade até hoje.
Os poucos quadros por página estão lá, as splash pages também, mas há algo de novidadeiro em O plexo holístico. A maneira de emoldurar as cenas de ação na grade são bastante particulares e os quadros, vez por outra, são "atacados" por símbolos (não verbais, claro) que aumentam o grau de significação profunda e reduzem a compreensão direta daquilo que acontece.
O autor emprega uma variação de cortes rápidos com transições, mudando a todo momento o andamento do combate e conseguindo grande impacto visual. Tudo isso montado em grades de página bastante dinâmicas.
Mesmo com essa alternância de velocidades de leitura, a revista tem um bom ritmo (e poucas páginas) e pode ser consumida rapidamente. Mas há algo que permanece inquieto no leitor.
E aqueles que se aventurarem à releitura e a uma análise mais detida, lutando contra a alta velocidade da narrativa, encontrarão detalhes que parecem ser uma pequena recompensa aos mais persistentes.
Não é pra menos que o último quadro da HQ é tão iluminado e tranquilizador.
Classificação: