Confins do Universo 204 - Marcelo D'Salete fazendo história (em quadrinhos)
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O RETORNO DO SUPER-HOMEM # 3

1 dezembro 2006


Título: O RETORNO DO SUPER-HOMEM # 3 (Editora Abril) - Minissérie em três partes

Autores: Roger Stern, Dan Jurgens, Karl Kesel, Louise Simonson e Gerard Jones (roteiro), Dan Jurgens, Tom Grummet, Jon Bogdanove, Jackson Guice e Mark Bright (desenhos) e Bret Breeding, Dennis Janke, Doug Hazlewood, Denis Rodier e Romeo Thangal (arte-final).

Preço: R$ 2,95

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Novembro de 1994

Sinopse: Unidos ao verdadeiro Kal-El, os remanescente dos quatro Super-Homens se unem contra o Super-Homem traidor e sua tropa invasora, confrontando-os em sua própria base, construída onde antes se localizava a cidade de Coast City.

Uma batalha tão mortífera que pode clamar, mais uma vez, pela vida do último kryptoniano. A maior saga do Homem de Aço chega ao seu clímax com confrontos sensacionais, novas alianças sendo forjadas e eventos que alterarão para sempre a vida de vários personagens do Universo DC.

Positivo/Negativo: A volta do verdadeiro Super-Homem. A ira de Hal Jordan. A verdade sobre o Superciborgue e os detalhes finais sobre como Kal-El voltou da morte. Em sua terceira edição, a minissérie não poupa esforços para fechar em grande estilo a saga.

Se os arcos do Funeral e da própria Morte tiveram alguns capítulos fracos e até dispensáveis, é interessante notar como todas as histórias do Retorno foram bem amarradas não apenas entre si, mas com o trabalho realizado nos anos anteriores com o Super-Homem, levando em consideração os grandes acontecimentos na vida do personagem desde a minissérie Invasão em diante.

Sem dúvida, um ponto positivo para o editor Mike Carlin e suas equipes criativas, pois tudo é encaixado e conectado de forma bastante natural.

O tratamento caprichado da Abril também foi digno de nota, numa época em que a editora havia, inclusive, reduzido o número de páginas de títulos como DC 2000, Liga da Justiça e Novos Titãs, devido à crise e à instabilidade monetária nacional.

Toda a saga, desde a Morte, foi publicada paralelamente ao título mensal do herói, que se apressava em adiantar a cronologia publicando três histórias por edição e que alcançou a fase pós-Retorno justamente em dezembro de 1994, mês seguinte à venda deste número.

O grande astro volta a ser o Super-Homem e não seus "substitutos", que assumem os devidos papéis coadjuvantes, mas nunca secundários. A veracidade da identidade do próprio herói é posta em xeque diante da presença de outros que clamavam sê-lo em um nível ou outro, com direito a um bem explorado reencontro com Lois Lane, em que isso é debatido.

Também vale destacar a busca dos autores por uma solução "científica" para a reabilitação do corpo do personagem, em contraponto à explicação "espiritual" dada no especial Super-Homem - Além da Vida. No processo, ainda redimem o Erradicador e o elevam à categoria de herói (apesar de seus valores e discutível respeito pela vida).

Infelizmente, seria a última vez que ele seria tão bem aproveitado, pois nos anos seguintes entraria em franca decadência, sendo mal utilizado em séries destinadas ao fracasso como Renegados (grupo que liderou após os eventos aqui descritos) e nos títulos mensais do Super-Homem.

Triunfal é também a pequena "ponta" de Hal Jordan. O herói volta do espaço e encontra sua cidade destruída e um motor gigante em seu lugar, numa história originalmente publicada em Green Lantern # 46 e posicionada pela Abril dentro do especial em seu devido lugar cronológico.

A aventura serve também de prelúdio para Crepúsculo Esmeralda, saga que apresentaria a ruína de Jordan e a ascensão de Kyle Rayner como Lanterna Verde. O confronto com Mongul é nada menos que sensacional, sob a pena de Gerard Jones, o lápis de Mark Bright e a tinta do veterano Romeo Thangal. O trio dá um verdadeiro show na criação da batalha - que, aliás, é uma das melhores das três edições! - e faz o leitor pensar por que pelo menos o ilustrador não estava no lugar de Jackson Guice.

E confrontos não faltam na edição. Cada um dos personagens se destaca em determinado momento do clímax que se estende pelas seis histórias. Do heroísmo inocente do Superboy, passando pela determinação do Homem de Aço até a lealdade da Supermoça, a "Superequipe" - pela primeira vez aqui reunida - dá a dimensão da importância que teria futuramente nas histórias do Super-Homem. É nesta HQ que John Henry Irons é chamado por Kal-El apenas de Aço, nome que passaria a ostentar daí em diante.

Mas nem tudo são acertos. Na parte da invasão à cidade-motor, o Super-Homem é representado fortemente armado devido à perda parcial de seus poderes. Apesar de ajustadas para atordoar - claro -, ver o Azulão fazendo uma versão light do Justiceiro tira um pouco do charme inerente ao personagem, principalmente num momento tão crítico de seu retorno, em que tudo o que representa é posto à prova.

Também é bastante questionável a cena final, na qual Kal-El enfrenta o traidor. O herói destrói o corpo e diz claramente que existia a "possibilidade" de o vilão fugir, transferindo sua consciência para outro lugar. Ora, desde quando o Super-Homem toma ações que possam resultar na morte de um inimigo? Não é à toa que até hoje as duas seqüências sejam alvos de críticas de fãs mais ardorosos.

Ainda assim, O Retorno do Super-Homem # 3 termina como uma excelente aventura do Homem de Aço e fecha em grande estilo aquela que foi até hoje sua maior saga no mundo pós-Crise nas Infinitas Terras.

Apesar de seus problemas, o saldo criativo da megassaga foi bastante positivo, tornando-se leitura obrigatória para todos que desejam conhecer um pouco mais da rica história do Super-Homem.

Os saldos financeiros, por outro lado, foram tão altos e estimulantes que a DC acabou caindo na terrível armadilha de tentar repetir nos anos seguintes o sucesso então saboreado, com tramas sofríveis e forçadas como A Morte de Clark Kent. Resultado: chegou ao fundo do poço ao transformar o herói num ser de poderes elétricos e pele azul em 1996.

A editora parece ter ignorado as conclusões do próprio Erradicador sobre o sucesso do retorno do herói: foi uma série de fatores (como um editor competente, uma equipe criativa experiente e a intenção de mostrar o quão significativo ainda é o herói, aliado à poderosa máquina da mídia) que permitiu o sucesso da empreitada. Podia ter dado errado, não fosse essa confluência de elementos, nitidamente faltantes nas demais tentativas anuais de repetir o feito de 1995 em diante.

A saga findava, mas havia questões que ainda ficam por ser resolvidas: como a ausência de Clark Kent seria explicada? Quais os detalhes sobre a clonagem que deu origem ao Superboy? Ele seria mesmo um clone do Super-Homem? O resultado obtido em ressuscitar o Super-Homem poderia ser repetido caso ele morresse de novo?

Seriam questões exploradas nos títulos mensais, mas que, ao terminar a trama que se estendeu por um ano (um mês dentro dos quadrinhos), pouco importavam, pois o Super-Homem havia retornado triunfante dos mortos... e das baixas vendas.

Se as aventuras do kryptoniano tivessem um fim definitivo (como os mangás), talvez a eleita fosse a última seqüência ilustrada por Dan Jurgens, com o herói - na totalidade de seus poderes - voando em direção ao sol e a um novo e inexplorado futuro.

 

Classificação:

4,0

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