O SÉTIMO SUSPIRO DO SAMURAI - VOLUME 2
Autores: Éric Adam (texto) e Hugues Micol (arte). Publicado originalmente como os tomos 3 e 4 de Les contes du septième souffle.
Preço: R$ 32,90
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Abril de 2009
Sinopse: Seguem as aventuras do samurai sem mestre Toho Daisuke no Japão da Era Edo, em uma jornada para provar que seu pai não era um covarde.
Positivo/Negativo: Não é de hoje que o mundo das artes aproximou Japão e Europa. No século 19, os impressionistas já se curvavam aos artistas do extremo oriente, buscando referência e inspiração, mas também simplesmente cultuando os mestres da terra do sol nascente.
Nas últimas décadas, os quadrinhos japoneses se difundiram pelo mundo. Na Europa, abriram mais um espaço para o diálogo entre as duas culturas. O resultado foi o surgimento de mangás híbridos. Num neologismo: franco-belgo-nipônicos, HQs produzidas no rastro das conversas de Van Gogh e Hokusai.
A própria Conrad, rediviva agora na fusão com a editora Ibep, trouxe antes amostras desse gênero, como o nouvelle mangá de Frédéric Boilet (Garotas de Tóquio e O Espinafre de Yukiko) e Preto & Branco, de Taiyo Matsumoto.
Outro representante do gênero, esse com o selo da Casa 21, é o álbum Morango & Chocolate, de Aurélia Aurita, cuja versão nacional do segundo volume ainda está só na promessa.
Pois O sétimo suspiro do samurai, cujo segundo tomo sai depois de dois anos e meio de espera, não é só mais um integrante dessa corrente, mas também uma grande celebração de todo o diálogo entre as duas culturas (assim como o primeiro volume já fazia isso).
O álbum é uma colagem de elementos dos dois lados.
Por exemplo: a temática e os cenários são japoneses. Mas a trama da segunda história, Shitate Ya, é calcada em O Alfaiate Valente, conto bastante popular dos alemães Irmãos Grimm em que um alfaiate ganha fama de audacioso depois de matar sete moscas.
A diagramação, por sua vez, é contida, sem arroubos, como é marca dos quadrinhos franco-belgas. Mas a arte é uma colagem de referências dos grandes artistas japoneses - a começar pela capa, mas que invade o miolo, com citações a Hokusai, Kunisada, Hiroshige, Masayoshi Kitao e muitos outros.
Ainda que o roteiro em si não chegue a ser devastador, O sétimo suspiro do samurai se impõe pela belíssima arte e por todo o registro de diálogo a que se propõe construir.
E é justamente por trazer obras desse porte que o retorno da Conrad ao mercado editorial deve ser saudado.
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