Confins do Universo 202 - Guerras Secretas: 40 anos depois
OUÇA
Reviews

O TICO-TICO: CEM ANOS DE REVISTA

Por Delfin
1 dezembro 2005


Título: O TICO-TICO: CEM ANOS DE REVISTA (Via
Lettera
) - Livro teórico
Autores: Ezequiel de Azevedo

Preço: R$ 30,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Novembro de 2005

Sinopse: O Tico-Tico, primeira grande publicação brasileira de quadrinhos e primeiro grande veículo de imprensa exclusivamente dedicado ao público infanto-juvenil, faz cem anos de criação em 2005.

Por conta disto, é contada um pouco da história do semanário, de seus principais personagens (tanto da vida real como da ficção) e é exibida uma seleção de imagens fac-similares mostrando um pouco desta revista (que nasceu jornal), que continua sendo referência para editores e pesquisadores da HQ no Brasil.

Positivo/Negativo: De positivo, a lembrança, é claro. Lembrar d'O Tico-Tico (que, anos depois, perdeu o hífen de seu nome) é necessário e fundamental. Só que as coisas boas sobre esta edição da Via Lettera praticamente param por aí.

Há uma conjunção alta demais de fatores negativos que apenas desmerecem o trabalho de uma editora que já trouxe ao país (com qualidade) títulos importantes como Usagi Yojimbo, Bone, As Aventuras de Luther Arkwright, Estrada para Perdição e Do Inferno.

A edição, graficamente falando, já começa mal. Apesar do papel couché interno, a capa é feita com um papel cartão que empena na primeira folheada. Junte-se a isso o fato de não haver uma mísera orelha (e não faltaria quem pudesse dizer uma palavra amiga sobre O Tico-Tico) e se começa até a relevar o fato de o livro possuir apenas 64 páginas.

E a coisa piora: mais da metade das páginas (33) é utilizada apenas para referência visual. Além destas, outras 22 possuem grande parte de seu conteúdo tomado por reproduções, totalizando 55 páginas com grande apelo visual. Não que isto não seja importante. É primordial. O grande problema é que, tirando-se estas páginas (destas, sete mostrando fac-símiles que não são d'O Tico-Tico - e nem todas relevantes para o contexto geral), mais duas de bibliografia e outras duas de frontispício, têm-se absurdas cinco (sim, você não leu errado) páginas apenas com texto neste livro, que se propõe a retratar mais de cinqüenta anos de história de uma publicação.

E resumir 50 anos neste número exíguo de páginas é ridículo. Mas piora: destas cinco páginas, duas são utilizadas para uma apresentação do livro e outras duas para considerações finais. O que faz com que a soma de páginas contendo apenas texto relevante à história e à memória d'O Tico-Tico seja o surreal número de uma página (que, para os curiosos, é a 7).

Ah, o tratamento de imagens desta parte visual? Poderia ter sido melhor, incluindo aí a reprodução da ilustração de Oswaldo Storni utilizada na capa e cuja origem o leitor, se ler somente o próprio livro, nunca saberá.

Um desastre? Ainda não. O texto poderia ser bom, sintético, primordial, inovador, genial. Ou ser pior que um trabalho de escola pesquisado na internet. A segunda alternativa, tão comum, obviamente prevaleceu: o texto de Ezequiel de Oliveira é pífio. O autor nem ao menos se apresenta, não tem sua biografia mostrada e, portanto, não mostra sua relevância para falar de tamanha publicação argumentada junto a leitor e crítica.

Um texto que parece uma colagem de outros, ainda mais por ser pequeno e, ainda assim, utilizar tantas referências bibliográficas (algumas inclusive com sabidos erros de informação, como a Enciclopédia dos Quadrinhos, de Goida).

Cheio de obviedades, o autor ainda premia o leitor com a pérola das pérolas na página 60, quando, demonstrando não dominar completamente o assunto que se propôs a mostrar, assume não saber quando foi publicado o último O Tico Tico, pedindo ajuda aos seus leitores. Se a iniciativa é válida, uma simples
busca nos sempre valorosos Google e Wikipedia revela: a última edição foi a 2097, de fevereiro de 1962, como já havia sido mostrado pelo UHQ.

Um deslize terrível da Via Lettera, que corre o risco de ser acusada de apenas ter querido lucrar com o centenário de uma grande publicação de qualquer jeito, abrindo mão da qualidade editorial e gráfica que, sabemos, já demonstrou no passado.

 

Classificação:

4,0

Leia também
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA