Oceano
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Warren Ellis (roteiro), Chris Sprouse (desenho) e Karl Story (arte-final)
Preço: R$ 48,00
Número de páginas: 160
Data de lançamento: Junho de 2010
Sinopse
Cem anos depois de hoje, numa lua congelada de Júpiter, são descobertos incontáveis sarcófagos, relíquias de eras passadas e vestígios de uma civilização muito mais antiga e poderosa do que a nossa.
As Nações Unidas, então, enviam um inspetor para investigar a situação, mas existem muitos interesses em jogo.
Positivo/Negativo
Esta HQ é um anacronismo. Por um lado, a história é escrita pelo britânico Warren Ellis, e poucos autores atualmente têm o talento dele para narrar aventuras de ficção científica. No entanto, e justamente devido por isso, há o principal entrave: apesar de ser uma trama bem narrada, não há nada de muito empolgante ou atrativo em Oceano.
Não que a HQ não valha a pena. Vale, e muito. A edição da Panini compila os seis números originais, publicados nos Estados Unidos, entre dezembro de 2004 e setembro de 2005, com razoável sucesso pelo selo WildStorm.
A encadernação se torna um oportuno trunfo, pois em episódios separados a história talvez não mantivesse o interesse. A construção é lenta (por vezes até demais), os principais acontecimentos demoram a se impor e o protagonista - o analista de armas Nathan Kane - está longe do carisma e das incorreções típicas de grandes personagens criados por Ellis (pra citar um apenas: o ácido jornalista Spider Jerusalém, de Transmetropolitan).
O que faz de Oceano um quadrinho a se atentar é o óbvio: Ellis sabe controlar o suspense de uma história sem outros atrativos a não ser a imaginação de um futuro interplanetário. O começo aponta para uma possível trama de horror, quando se revelam os sarcófagos no fundo da água de uma lua de Júpiter.
Depois, há alguns momentos à Stanley Kubrick, nos quais o leitor conhece o futuro imaginado por Ellis a partir do caminho de Kane rumo à sua missão. Em seguida, os demais personagens são apresentados, e surgem algumas interações interessantes entre eles.
Apenas daí em diante, já na terceira parte, algo de substancial acontece, quando entra em cena o verdadeiro vilão da trama.
Em compensação, a partir deste ponto Ellis não dá sossego ao leitor e coloca a história em contínuo movimento. Isso faz com que Oceano flua melhor - não porque uma HQ deva necessariamente ter um ritmo acelerado, mas porque esta especificamente parece ter sido feita para se chegar a esses instantes de maior conflito.
Os traços de Chris Sprouse são apenas corretos, o que é suficiente para embelezar algumas páginas (com ajuda de Karl Story na arte-final e de uma boa equipe responsável pelas cores), ainda que a sua narrativa gráfica não prime pela criatividade na composição dos quadros.
Mesmo com alguns escorregões, é inegável que Oceano é uma HQ de qualidade e não merecia ter passado praticamente em branco ao ser lançada no Brasil, em 2010. Pouco se comentou, pouco se repercutiu. Warren Ellis ainda é um roteirista digno de atenção constante e, mesmo em momentos sem grandes brilhos, se mantém como um criador diferenciado.
O exagero foi a Panini ter lançado Oceano em edição de luxo, com capa dura, papel couché e preço de R$ 48,00. Fosse mais modesta, possivelmente a editora poderia atrair uma gama maior de leitores dispostos a conhecer os universos futuristas de Ellis.
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