A intenção do autor Jin Hanyunyuu em Ooru é clara: desmistificar a produção das HQs ante seus fãs, mostrando autores e editores como pessoas frustradas e que a indústria do mangá é tão podre como outra qualquer.

O protagonista Sanou é um autor que conseguiu sucesso por acaso e é venerado, mas não tem nenhum prazer na sua profissão. Ele descobre a alegria atirando e matando pessoas.

Seu ambicioso e mesquinho editor Antai é pego no meio disso, e ambos se envolvem com a Yakuza e com uma mulher religiosa chamada Kuku.

A cada página da história, o autor procura ofender os leitores fanáticos e deixar claro que não há nenhum glamour em ser um desenhista de sucesso.

E Hanyunyuu faz isso por meio do grotesco. Seu traço é tosco, sujo, sem grandes acabamentos. Combina com a trama, repleta de momentos bizarros, como sequestros, tortura (com direito a jovens urinando em uma mulher cega) e muita violência.

A reação natural do leitor é torcer o nariz a princípio - a não ser que seja um fã de HQs grotescas como as de Suehiro Maruo (O vampiro que ri). Mas, naturalmente o autor derruba o preconceito, mostrando que, por baixo de todas essas bizarrices, há uma proposta metafórica bastante clara. E cabe ao leitor desvendá-la.

Ooru não é uma obra fácil. Não é o tipo de mangá pasteurizado que faz sucesso tanto no Brasil quanto no mundo. Pelo contrário, se coloca diante desse tipo de produção, criticando-a duramente.

Por tudo isso, naturalmente não agrada aos tradicionais fãs de mangá. Muito menos leitores convencionais. É uma HQ que cai no gosto de poucos. Talvez por isso não tenha feito o barulho que poderia na época de seu lançamento.