OS BIÔNICOS # 1 – MULHER BIÔNICA
Editora: Ebal - Revista mensal
Autores: Angus Allen (roteiros), John M. Burns (desenhos) e Roberto "Robric" Ricardo (capa).
Preço: Cr$ 25,00 (preço da época)
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Março de 1979
Sinopse
Duas HQs estreladas por Jaime Sommers, a Mulher Biônica, personagem criada para o seriado de TV homônimo produzido nos Estados Unidos, no final da década de 1970, e exibido em vários países, como o Brasil.
Na pista dos raptores - Um garoto índio, aluno de Jaime Sommers na escola da Base Aérea Ventura, é sequestrado por mafiosos. Os captores exigem o pagamento de um milhão de dólares para libertá-lo e, assim, evitar o cancelamento de um tradicional e concorrido festival estadual de cultura, do qual o menino participará como atração principal.
Gunsmoke, o rei das pistas - Um rico fazendeiro californiano criador de cavalos de corrida dará de presente o seu melhor animal para o xeque de um país árabe, com a finalidade de estreitar as relações entre aquela nação e os Estados Unidos.
Mas a suposta ação patriótica esconde o objetivo oposto: provocar um avassalador incidente diplomático quando o cavalo, que tem uma bomba acionada por controle remoto enxertada na pele, explodir e matar o soberano árabe.
Positivo/Negativo
Nos anos 1970, o sucesso do seriado de ficção científica O homem de seis milhões de dólares (The six million dollar man, no original, inspirado no livro Cyborg, de Martin Caidin), estrelado por Lee Majors no papel de Steve Austin - um ex-astronauta que, após sofrer um acidente, é "reconstruído" como um ciborgue e vira agente especial do governo dos Estados Unidos - gerou o spin-off A Mulher Biônica (The Bionic Woman).
A versão feminina do Homem Biônico era Jaime Sommers, interpretada pela atriz e ex-modelo Lindsay Wagner, que de imediato provocou suspiros apaixonados do público masculino.
Na trama da série, ela estava entre a vida e a morte, vítima de um acidente de paraquedas. Steve Austin, seu amor de infância, recorre ao cientista Oscar Goldman - que financiou a transformação do Homem Biônico - para salvar a vida da jovem.
Assim como fez com Austin, Goldman transformou Sommers numa criatura meio humana, meio máquina, com um dos braços capaz de levantar objetos pesando toneladas e as duas pernas robóticas que permitiam fazê-la correr a mais de 100 quilômetros por hora e saltar a grandes distâncias, além de visão telescópica e superaudição.
Da mesma forma que o Homem Biônico, ela pagava o tratamento trabalhando como operativo especial de campo da agência secreta governamental comandada por Goldman.
Nos Estados Unidos, os dois seriados chegaram aos quadrinhos em títulos próprios, produzidos em preto e branco pela Charlton Comics, que duraram pouco.
Entretanto, a melhor versão da dupla biônica nas HQs foi criada na Inglaterra e publicada na revista semanal Look-In, direcionada ao público infantil, trazendo reportagens, entrevistas e quadrinizações coloridas das séries televisivas do momento.
São as HQs da Look-In que compõem a série Os biônicos, lançada em 1979, pela Ebal.
Em formato magazine, as seis edições alternaram os subtítulos Mulher Biônica e Cyborg, estrelados, respectivamente, pelos dois personagens.
Na estreia, duas aventuras completas de Jaime Sommers. Cada HQ foi publicada na Look-In em capítulos, com duas páginas por edição. Por isso, na versão da Ebal, a cada duas páginas há um quadro "morto" no canto superior esquerdo, no qual originalmente estava o cabeçalho com a chamada da história.
Comparando essas aventuras com as produzidas nos Estados Unidos, a diferença de qualidade é gritante.
Além de coloridas, dentre outras técnicas, com pintura em aquarela, as HQs
britânicas têm ótimos desenhos, assinados por John M. Burns, autor da arte
de todas as HQs da Mulher Biônica na Look-In.
O traço de Burns, com diagramação dinâmica - às vezes destacando uma cena num quadrinho central que "vaza" para todos os quadros ao redor - e muitas perspectivas de movimento, parece uma espécie híbrida dos estilos de Alex Toth com Neal Adams. Não é exagero dizer que algum leitor mais desavisado possa confundir a autoria destes desenhos com a daqueles artistas.
E os roteiros de Angus Allen também merecem destaque. As tramas são bem urdidas e não exploram até o desgaste as habilidades biônicas de Jaime Sommers, apresentando-as sempre uma em cada situação de perigo ou ação.
Mas a Ebal poderia ter caprichado mais na edição. Além de não creditar os autores, não escreveu uma única linha sobre o seriado ou os personagens. O leitor que continuasse assistindo à série A Mulher Biônica, na TV, para tirar suas dúvidas.
Para quem assistia aos episódios televisivos, ler esta edição fica ainda mais divertido quando a memória traz de volta os sons e os efeitos especiais nas cenas em que a Mulher Biônica usa seus poderes.
Basta lembrar que, na telinha, a personagem - assim como o Homem Biônico -, quando corria em alta velocidade a cena era quase sempre mostrada em… câmera lenta. E, acredite, isso tinha um resultado bem bacana.
Na verdade, esse foi um dos artifícios que os produtores dos dois seriados criaram para minimizar o fato de que crianças estavam se machucando gravemente tentando imitar os heróis ciborgues.
Houve um caso, nos Estados Unidos, em que um garoto abriu a porta de um carro no qual estava, em movimento, para tentar pará-lo usando o pé como freio. Outra criança tentou inutilizar um de seus próprios olhos com a intenção de ganhar um implante biônico.
Munição farta para a liga dos defensores do politicamente correto.
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