Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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OS LEÕES DE BAGDÁ

1 dezembro 2008


Autores: Brian K. Vaughan (roteiro) e Niko Henrichon (arte).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 140

Data de lançamento: Junho de 2008

Sinopse: Durante os bombardeios norte-americanos ao Iraque, um zoológico é atingido e um bando de leões escapa.

Agora, eles precisam aprender a lidar com a inesperada liberdade.

Positivo/Negativo: Os Leões de Bagdá trata-se de uma grande metáfora. Ela não está nem um pouco escondida, na verdade. Ao retratar felinos que anseiam por liberdade, mas não tem capacidade de escapar do zoológico; e que conseguem a inesperada liberdade graças a um bombardeio norte-americano, fica claro que Brian K. Vaughan está falando do próprio povo iraquiano.

Apesar da pouca sutileza, a obra tem uma narrativa fluida, sutil, mas nem por isso a trama deixa de ser densa e pesada. Como numa fábula moderna, Vaughan retrata o caminho da família de leões pela Bagdá recém-destruída, compondo-a de diversas referências e mais figuras míticas, que envolvem o leitor na história.

Os aspectos das personagens leoninas são marcantes. Os autores dão a cada um dos leões adultos um tipo de liderança e comportamento tipicamente humanos. O macho Zill, por exemplo, é pragmático e indeciso. Opta, na maioria das vezes, pelo caminho mais simples.

Já a fêmea mais jovem, Noor, mãe do intempestivo Ali, é a mais decidida do bando. Seu comportamento é claramente o de uma líder motivadora. Por último, Safa é uma anciã que preza pelo conhecimento, pela experiência, e que carrega muitas marcas de feridas, tanto no corpo quanto nas suas lembranças.

Cada um deles é conclamado a liderar o grupo em diferentes momentos, quando suas habilidades se fazem necessárias. A sobrevivência depende do trabalho em equipe.

Outro aspecto interessante na personalidade dos felinos é que, a todo o momento, eles relembram os arquetípicos leões que povoam a mente do leitor. O filhote Ali é a cara do jovem Simba, de o Rei Leão. Já Zill tem o comportamento parecido com o do Leão Covarde, de O Mágico de Oz.

Mesmo a natureza animal dos leões, segundo a qual as fêmeas caçam e os machos apenas lutam pela supremacia do clã, está presente.

E para compor tudo isso dentro uma narrativa competente e bem amarrada, Vaughan teve ajuda do ótimo desenhista Niko Henrichon, que compôs as cenas de maneira detalhista e brilhante.

O artista soube manter o clima tenso em toda a trama. As cores estão na medida certa. Todos os tons remontam ao clima árido do Iraque. Mesmo quando estão próximos do rio Tigre, fica clara a sensação climática.

A caracterização dos personagens é um show à parte. Mesmo sem apelar para a antropomorfização dos animais, Henrichon conferiu a eles as expressões humanas mais marcantes, como angústia, hesitação ou mesmo desejo.

A edição da Panini é competente (a obra mereceu até um hotsite). Por se tratar de um produto para livrarias, houve um cuidado gráfico e editorial maior, com orelhas e capa cartonada - e o melhor: preço convidativo. Apesar de haver uma breve apresentação sobre os autores no fim do álbum, um texto de apresentação ou posfácio seria um ótimo bônus para esta ótima HQ.

Classificação:

4,0

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