OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM – DIAS PASSADOS
Título: OS MORTOS-VIVOS - VOLUME UM - DIAS PASSADOS (HQM
Editora) - Edição especial
Autores: Robert Kirkman (roteiro) e Tony Moore (arte).
Preço: R$ 27,90
Número de páginas: 140
Data de lançamento: Maio de 2006
Sinopse: Num hospital do interior dos Estados Unidos, o policial Rick Grimes acorda do estado de coma em que se encontrava. Estranhando o abandono do local, logo descobre que há uma legião de zumbis perambulando ao seu redor, atacando todos os seres humanos que vêem.
De alguma forma misteriosa, os mortos voltaram à vida, e agora o mundo se vê assolado por seres descerebrados, cujo único interesse parece a vontade de saciar uma fome animalesca por carne humana.
Positivo/Negativo: Se você é fã de quadrinhos e filmes de horror, com certeza gostará deste álbum. Caso não seja, provavelmente o título o ajudará a repensar seus conceitos e ver que nessas histórias existe muito mais do que assassinatos brutais e vísceras esparramadas.
Assim como em Invencível, Kirkman abraça o gênero como todo bom fã, mas não se limita a isso. Ele trabalha de forma a mexer com os clichês mostrando que são funcionais, mas a história pode ser levada mais além sem perder suas características básicas.
Neste primeiro volume, o leitor se sente tão perdido e desesperado quanto Rick Grimes. Afinal, a história começa a ser contada da metade, já no centro da ação, num mundo onde os mortos se levantaram na forma de zumbis e, aparentemente, dominaram várias cidades, espantando qualquer alma viva.
A tensão inicial, com a busca de Grimes por sua família, é só a ponta do iceberg. Uma forma de construir o personagem, mostrá-lo como uma pessoa equilibrada e gentil, não importa qual seja a situação. Um exemplo disso é o momento em que ele está saindo da cidade e para executar um zumbi caído que está se decompondo sem poder se mover.
Outra boa cena é sua "conversa" com o cavalo sobre como ele e sua família eram felizes.
A partir do momento em que se vê a pequena comunidade de sobreviventes, começa uma discussão totalmente nova. Como as pessoas vivem quando o maior conforto à sua disposição é um pequeno chuveiro? Como se organizam quando voltam a ter que caçar sua própria comida, se proteger de predadores e lutar para não morrer?
Esses e outros questionamentos, que lembram clássicos da literatura como Senhor das Moscas (de William Golding) e o Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago), criam um ambiente hostil, no qual as pessoas, em vez de se ajudarem e se unirem, começam a brigar devido ao estresse da situação.
Assim, os personagens se transformam completamente, tanto para o bem quanto para o mal.
Outro elemento que ajuda a compor o clima da história é a arte em preto, branco e tons de cinzas. A ausência de cores, ao mesmo tempo em que retira um pouco da repugnância de certas cenas, dá o clima sombrio.
O acréscimo do cinza deixa implícita a idéia que não se pode enxergar a vida estritamente como bem e mal, mas que existe uma grande área entre esses conceitos, e é exatamente nela que a história se passa.
Outro elemento interessante é que todos os quadros são desenhados com linhas tortas, feitas manualmente, sem régua. Algo que cria um conceito de um mundo imperfeito. Isso acrescido a uma arte bem feita, com cenários detalhados e personagens com um traço limpo e um pouco estilizado deixa a história bastante atraente.
A edição nacional merece parabéns. Muito bem cuidada, com a qualidade gráfica que merece, sem um preço excessivamente alto. Ainda sobraram alguns erros de digitação, mas a opção por acrescentar as capas originais coloridas, algo que o encadernado norte-americano não tem, compensa esses pequenos deslizes.
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