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OS NOVOS VINGADORES # 49

1 dezembro 2008


Autores: Os Novos Vingadores - Brian M. Bendis (roteiro) e Leinil Yu (desenhos);

Os Novos Vingadores - Illuminati - Brian M. Bendis, Brian Reed (roteiro) e Jim Cheung (desenhos);

Miss Marvel - Brian Reed (roteiro) e Mike Wieringo (desenhos);

Capitão América - Ed Brubaker (roteiro) e Steve Epting (arte).

Preço: R$ 7,50

Número de páginas: 104

Data de lançamento: Fevereiro DE 2008

Sinopse: Os Novos Vingadores - No período pré-Guerra Civil, os Novos Vingadores enviaram Maya Lopez, antes conhecida como Eco e agora como Ronin, para o Japão. A missão dela era observar o submundo do crime e as movimentações do Tentáculo, liderado por Elektra.

Contudo, o clã de ninjas descobriu sua existência e a capturou. Agora, os Vingadores são a única esperança da garota para não se tornar mais um dos escravos ressuscitados do Tentáculo.

Capitão América - No final da Guerra Civil, Steve Rogers parou de lutar e se entregou às autoridades. Ao contrário da maioria dos heróis não registrados, que estavam sendo sumariamente enviados para a prisão na Zona Negativa, ele será julgado e o governo e a mídia querem fazer um grande alvoroço em torno disso.

No meio de toda a confusão, o Caveira Vermelha põe em andamento seu plano para derrotar definitivamente o Capitão e Sharon Carter.

Illuminatti - Depois da Guerra Kree-Skrull ter chegado à Terra, o grupo secreto Illuminatti viajou até o Império Skrull para deixar um recado bem claro: fiquem longe.

Miss Marvel - Vampira vai ao apartamento de Carol para tirar satisfações com ela sobre um suposto ataque. A confusão só piora quando elas encontram outra mulher idêntica a Carol, dormindo no quarto.

Positivo/Negativo: Claro, a grande história da edição é a morte do Capitão América. Quando publicada nos Estados Unidos, foi amplamente noticiada, chegando ao Brasil não só pela mídia especializada, mas também por jornais e até pela televisão.

Muitos dirão que essa divulgação tirou a graça da história, por quase todos já saberem o desfecho. Não é bem assim. Uma história não é boa só pela surpresa final. Além disso, por mais que se tenha um lapso de tempo entre a publicação original e a versão traduzida, a maioria dos norte-americanos também lerem sabendo o que aconteceria.

O fato é que matar um personagem do calibre do Capitão América gera polêmica, divulgação e, inevitavelmente, um aumento de venda. Contudo, essa última etapa só se consolida se o fato for divulgado. Antes de a revista esgotar tiragem após tiragem é preciso espalhar a notícia, fazer as pessoas saberem o que ocorrerá. De outra forma, elas não vão se interessar.

A Panini praticou a mesma jogada. Um mês antes de a revista chegar às bancas, os leitores cadastrados em seu site oficial receberam um e-mail informativo de novidades, no qual o grande destaque era a publicação da morte do Capitão América. E não era uma mera especulação ou um possível desfecho. O texto do editor Paulo França encerrava com um taxativo: "Sim... é verdade... ele está morto!".

Considerando tudo isso, surgem duas questões: essa morte faz sentido ou é apenas (mais) um golpe? O roteirista é capaz de fazer uma história que se sustente quando todos sabem como acaba? A resposta, felizmente, é sim para ambas.

Quando Brubaker assumiu a revista, talvez não tivesse noção de que teria que contar o grande epílogo da Guerra Civil. Como foi mencionado na resenha da última edição da minissérie, o final ficou muito em aberto, deixando espaço para repercutir nos outros títulos da Marvel.

E como o Capitão era o personagem central da trama, se contrapondo com Tony Stark, o título dele certamente ganharia uma grande proporção.

Com essa "bomba" nas mãos, Brubaker tinha dois caminhos para tirar o Capitão de ação: mandá-lo para a cadeia (uma situação parecidíssima com a do Demolidor) ou assassiná-lo. A segunda opção, além de mais lucrativa para a editora, provavelmente é a mais condizente com todo o contexto da Marvel.

O Capitão América é, como ele mesmo já se classificou, um anacronismo. Trata-se de um herói de guerra num mundo que passou a adotar uma posição pacífica, seja ela hipócrita ou não.

Afinal, os mesmos norte-americanos que queriam ver o sangue correndo pelas ruas do Iraque depois do 11 de setembro, agora querem que seu soldados voltem. Guardadas as proporções, é algo parecido com o que aconteceu a partir de um determinando momento da Guerra do Vietnã.

A luta, a destruição, os fins pelos meios, nada disso é bem visto nesse momento. E justamente essa filosofia gerou a posição do Capitão América. Junto com o mundo que "só agora" percebeu que guerras só geram mais guerras, o herói notou o quanto os heróis podem ser destrutivos. Por isso, sua morte é quase uma conseqüência natural desse quadro.

É simplesmente a cristalização do fato que ele não é mais um grande símbolo, mas sim um homem. Como é dito no final da Guerra Civil, quem se entregou para a justiça, não foi o Capitão América; foi Steve Rogers, ciente das proporções de seus atos e, agora, ciente também de sua mortalidade.

Sobre a história ser maior que o seu final, pode-se dizer que, desde que Brubaker assumiu Capitão América, contou boas aventuras, manteve um clima noir interessante e construiu algumas tramas paralelas inteligentes, que facilmente sustentariam o título, mesmo sem seu personagem principal. Bucky, Sharon Carter, o Caveira Vermelha e, mais recentemente, Nick Fury têm tido uma importância vital na revista. Tanto que a morte do personagem envolveu todos.

Em um plano intrincado, o Caveira armou para que a morte do Capitão desestabilizasse todos os amigos do herói, principalmente Sharon. Aliás, essa é grande surpresa da história. O fato do plano do vilão ser muito mais do que um simples atirador em um telhado.

Evidente que numa edição como esta não poderiam faltar momentos de retrospectiva e flashback, com as memórias que Sharon e Bucky guardam do herói. Tudo com uma arte muito competente, bem à altura da trama.

Por fim, cabe uma ressalva sobre essa morte. A experiência mostra que, nas revistas de super-heróis, volta e meia isso é desfeito e toda a história bacana que se criou é banalizada. Isso é tão sério que muitos leitores tendem a querer se distanciar de revistas como esta, perdendo uma boa trama, simplesmente por saber que, daqui a alguns meses, quando for conveniente, a editora vai dizer: "olha nada daquilo era verdade, leia este novíssimo título com o mesmo herói de sempre".

Conviver com essa desconfiança (ou quase certeza) é o preço que os quadrinhos se super-heróis pagam hoje, pelos erros que suas editoras acumularam no decorrer das últimas três décadas.

Depois dessa grande história, o restante do mix pode parecer irrelevante, mas as aventuras não decepcionam.

Em Os Novos Vingadores, Bendis aproveita para amarrar uma ponta solta e apresentar o novo rumo do título após a Guerra Civil. Ele foca na Eco, coadjuvante do Demolidor que tinha sido indicada por ele para participar dos Novos Vingadores. A personagem assumiu a identidade do Ronin e fez uma participação relâmpago no grupo tempos atrás.

Nesta HQ é mostrado o que ela fez nesse intervalo. O roteiro é um misto de carta de despedida com pedido de socorro que a moça envia para o Demolidor avisando que morreu. No caso, considerando que ela estava envolvida com o Tentáculo, a morte de um herói significa o renascimento dele sob o controle da organização criminosa. Assim, ao socorro de Eco vão, como diz o Homem-Aranha, os Novos Novos Vingadores.

É uma formação bem interessante: Mulher-Aranha, Homem-Aranha (de uniforme negro), Cage, Wolverine, Punho de Ferro, Dr. Estranho e um novo Ronin. Apesar da arte de Leinil Yu deixar a desejar em alguns momentos, o ação, o bom humor do grupo e o clima da surpresa da apresentação de uma nova equipe deixam a leitura divertida.

Outra estréia - ou retorno - é do grupo secreto de líderes superpoderosos, os Illuminati. Se na edição em que foram apresentados foi deixada a impressão de que eles teriam uma influência mais política do que qualquer outra coisa, aqui os heróis se revelam uma equipe de ação também.

Xavier, Sr. Fantástico, Raio Negro, Tony Stark, Namor e Dr. Estranho vão até a capital do Império Skrull tentar dar um ultimato para os alienígenas. Contudo, eles percebem que, por mais influência que tenham, não estão tão preparados para a ação.

Verdade que eles viram o jogo, mas, pela declaração do Imperador Skrull, os heróis podem ter sobrevivido, mas os Skrulls conseguiram algo que desejavam.

A arte da edição ficou a cargo de Jim Cheung, que tem conquistado um bom espaço na editora, com uma narrativa visual bem feita. Entretanto, depois de ver algumas histórias dele em títulos diferentes, fica claro que seu repertório de rostos é curto, o que gera personagens bastante parecidos.

Fechando a edição, Miss Marvel. Perto do restante da revista, a história certamente perde o brilho. Mas é uma trama divertida desenhada pelo excelente Mike Wieringo, especialista em traços leves e arredondados.

Agora que acabou a Guerra Civil, Brian Reed pôde retornar ao seu propósito inicial com a Miss Marvel: construí-la como uma grande super-heroína. Aqui, ele a faz encarar uma versão dela mesma que desistiu de lutar.

Classificação:

4,0

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