Mais uma edição de Os Novos Vingadores vinculada à megassaga O cerco, que é a parte final de Reinado sombrio, que só pôde acontecer graças à Invasão secreta e à Guerra civil.

O leitor mais curioso que for buscar as datas de lançamento da mais antiga dessas sagas, Guerra civil, descobrirá que a Panini publicou a sua primeira edição por aqui em julho de 2007.

Passados quatro anos, ainda não é possível pegar uma história da principal equipe de heróis da Marvel sem precisar recorrer a outras revistas, resenhas ou amigos que leram o que você não leu etc.

Trata-se, praticamente, de um "casamento" entre o leitor e a editora. Mas um daqueles de piada ou de programas de humor, em que um lado faz tudo para aborrecer o outro.

Pois é preciso que o leitor conviva com os personagens e revistas, acompanhe checklists tão longos quanto tabelas de campeonatos esportivos, compre tudo isso e, no final, pode ser que ainda saia insatisfeito.

Brian Michael Bendis, uma das principais mentes por trás dessas sagas, tem entregado enredos cada vez mais lentos e similares, edição após edição: Vingadores lutam, voltam pro esconderijo, conversam, bolam um plano para atacar alguém no número seguinte. O autor aperta o botão de repeat e a estrutura vira um moto-contínuo.

Em A iniciativa, Christos N. Cage tenta embolar uns conflitos morais interessantes no meio da pancadaria, mas não tem jeito: a revista tem cara de que será em breve substituída por algum título mais condizente com a próxima saga da "Casa das ideias".

Já Capitão América que, veja só, não é revista suporte para O cerco - e não o foi para Reinado sombrio e Invasão secreta -, traz o melhor do mix.

Embora Ed Brubaker dê uma desacelerada nesta edição e prepare os acontecimentos para as próximas, a liberdade do autor de poder criar sem ter de pensar em um ataque ao Martelo, faz bem à série.

Fica óbvio que as megassagas são interessantes como um fato inusitado, que permite colocar por alguns meses todos os personagens mais bacanudos da editora agindo juntos. Mas isso precisa ter um fim.

Um fim que não leve à próxima saga. Esse planejamento editorial da Marvel, semelhante ao da concorrente DC, parece redundar em vendas no começo das séries, ao mesmo tempo em que mostra histórias desinteressantes e comprometidas com algo muito além de entreter o leitor.

A busca pelo lucro rápido tem impedido o lucro a longo prazo e, pior de tudo, desestimulado velhos fãs. O que dizer então dos possíveis novos leitores, que estimulados pelos filmes, tentem entender essa bagunça que até o mais apaixonado "marvete" pena para acompanhar?