Para os quadrinhistas independentes, a internet é o principal meio de divulgação. A facilidade com que se compartilha um link e o poder das redes sociais fazem de Os passarinhos o maior sucesso de Estevão Ribeiro.

O primeiro volume de Os passarinhos foi, de certa maneira, financiado por crowdfunding (financiamento coletivo, para os puristas). O autor ofereceu a quem pagasse pela pré-venda uma edição autografada e créditos como colaborador no livro, que saiu pela Balão Editorial. Por razões de custos, o formato foi limitado e criticado por ser difícil de manusear.

Este segundo volume já possui uma apresentação gráfica mais chamativa. O álbum é maior, quadrado (16 x 16 cm), com lombada. Além de facilitar a leitura, engrandece a obra, que ganha mais visibilidade. Pena que, novamente para cortar gastos, o miolo seja em preto e branco, em vez de usar as cores das tiras digitais.

Quanto ao conteúdo, Estevão usa uma fórmula consagrada, mas muito eficiente: o humor pastelão, quase sempre derivado da dinâmica entre os personagens principais. A acidez dos comentários de Afonso ou as respostas inesperadas do atrapalhado Hector são punchlines perfeitas.

E novos personagens chegam para somar, criando novas situações de desconforto para a dupla.

O livro divide-se em capítulos, de tamanho irregular, reunindo tiras sobre um tema. Destaca-se Guerra e Paz, no qual as aves, em meio à guerra, fazem considerações sobre o amor e o romantismo. Certamente, agradará mais aos leitores maduros do que aos muito jovens, incapazes de compreender todo o lirismo do tema (o que não os impede de rir das piadas).

Ao final, tiras de convidados, amigos do autor, revisitam os personagens. Os mais familiarizados com os trabalhos anteriores de Estevão reconhecerão vários nomes e serão apresentados a outros. Cada um deles retrata Hector e Afonso em seus traços particulares, mantendo, entretanto, a forma de humor descontraído, mostrando o carisma e personalidade típicos dos protagonistas emplumados.

Os passarinhos e outros bichos é uma leitura leve, divertida e agradável para todas as idades. Não é pouco em uma era de compartilhamentos desenfreados.