Os últimos dias de Pompeo
Sinopse
O italiano Andrea Pazienza, no auge de sua carreira, foi vítima precoce de overdose de heroína e morreu aos 32 anos, deixando um legado de obras. De cartazes de cinema, capas de CDs a desenhos e quadrinhos.
A obra retrata a história dos últimos dias de um artista e professor que tem seu nome imortalizado em ruas, escolas e diversos institutos culturais italianos, como teatros e bibliotecas.
Apesar de o protagonista ser Pompeo, para muitos esta é a mais autobiográfica das HQs de Pazienza.
Positivo/Negativo
Esta graphic novel é um dos últimos trabalhos de Pazienza, um dos criadores da revista italiana Frigidaire, antes de sua morte. O leitor brasileiro viu algumas de suas HQs curtas na revista Animal, da VHD Diffusion, no final dos anos 1980.
Na obra, o leitor encontra o relato das dificuldades enfrentadas por um autor, tanto com as drogas, quanto com não aceitação à crítica ao seu trabalho.
Pompeo é um artista amplamente aclamado e procurado para diversos trabalhos, inclusive dava aulas em uma escola de artes. Muitas de suas obras estão por toda a Itália, desde capas de CDs até cartazes de cinema, além das produções em quadrinhos.
A narrativa revela um sujeito que não consegue conciliar o vício com a realidade, pois a heroína proporcionava-lhe um universo mais palatável ao que ele ansiava. Pompeo estava sempre às voltas em uma luta consigo mesmo, num escape constante da realidade.
Por isso, algumas cenas se repetem em toda a HQ, retratando momentos de consumo excessivo da droga que injetava nas veias alternando com as alucinações em decorrência do efeito da heroína.
A arte de Pazienza é graficamente linda, mas sempre carregada com um humor disfórico. Típico de alguém que se caracteriza pela constante irritabilidade, às vezes e carregado de ansiedade.
A narrativa se limita a contar a vida mundana e o submundo em que vivia Pompeo. A trama não acrescenta nenhuma informação nova sobre a trajetória e a obra do protagonista, se resumindo em retratar a sua relação com o vício da heroína, causa de sua morte prematura, aos 32 anos.
Dessa forma, a história não alcança o mesmo mérito do reconhecimento artístico de Pazienza, e nem o próprio personagem faz jus ao que, na trama, foi sua figura emblemática no cenário cultural italiano. O que se tem é a revelação de uma figura pusilânime sofrendo de uma apatia diante da vida e da sua própria arte.
Na arte, chama a atenção o fato de o protagonista ser sempre retratado com uma auréola sobre a cabeça, algo que simboliza a glória. O desenho da capa, inclusive, lembra bastante o estilo de arte cristã bizantina.
A capa, aliás, é capaz de despertar curiosidade no leitor que não conhece quadrinhos, mas aprecia arte ou a História dela. Mas ele será enganado pelo conteúdo, pois não encontrará nada a respeito disso, mas sim uma trama autobiográfica.
Um ponto curioso: Pompeo significa o quinto filho. O nome é de origem grega, mas aliando-o à naturalidade do artista, também rememora a cidade de Pompeia. Escondida sob lavas vulcânicas, a pequena localidade teve revelada, em escavações arqueológicas, a sua arte cheia afrescos eróticos, nos quais era contada a vida mundana dos romanos. Uma metáfora à sua condição de Pompeo, talvez?
A edição da Veneta é em capa dura, toda em preto e branco. Tem pequenos erros de revisão e não traz nem a biografia do autor.
Enfim, Pazienza tem muitos fãs no Brasil, mas Os últimos dias de Pompeo, definitivamente, não é um quadrinho para todo tipo de leitor.
Classificação: