PANORAMA DO INFERNO
Título: PANORAMA DO INFERNO (Conrad
Editora) - Edição especial
Autor: Hideshi Hino (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 13,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Novembro de 2006
Sinopse: o artista Hideshi Hino convida o leitor a um passeio pelo inferno de seus dramas pessoais.
Combinados a delírios de anos de violência e medo de uma família japonesa do início do século XX, os desenhos desta HQ ilustram um enredo em que o autor tenta acertar contas com o passado que o persegue.
Positivo/Negativo: Ao se escrever sobre esta HQ, a inclinação mais evidente é procurar estabelecer conexões entre os imaginários do Oriente e Ocidente, ou seja, quais são as referências culturais, principalmente literárias, para tentar marcar fundamentais diferenças e/ou possíveis pontes de aproximação entre estes dois universos distintos de representações.
Entretanto, como toda boa HQ convida a uma segunda leitura, a proposta do primeiro parágrafo torna-se, digamos, acanhada face à crueldade (de acordo com as idéias do pensador e encenador Antonin Artaud) de uma produção que exige muita paciência do leitor.
As primeira páginas, que apresentam o pintor obcecado pelo projeto de produzir obras sobre o inferno com tintas de sangue, são de um tédio tão radical que, muito possivelmente, não serão poucos os que largarão a HQ logo no começo.
Imagens como as indústrias de execução por guilhotinas, ainda que sejam fortes e fundamentais para entender os horrores do século XX, perdem-se em meio a bobagens como rios de sangues e morte, e um boteco que serve homens sem cabeça.
Mas para a grata surpresa do leitor, quando o mangá parece caminhar para a mesmice do grotesco pelo grotesco, Hideshi Hino insere na obra elementos fantásticos combinados a cenas de momentos marcantes da história japonesa do começo do século XX: guerra, migrações forçadas e intolerância constituem o pano de fundo para a história de uma família marcada pelo vício, a violência gratuita, fome, sadismo e desespero.
Uma bela porrada, mas que, infelizmente, volta a desandar nas páginas finais. O autor não resistiu a pretensão de construir um último ato de pretensões "modernosas", isto é, um "sustinho" básico com o gosto de "e a história continua..."
A despeito dos deslizes iniciais e final, este lançamento da Conrad é uma das boas novidades do ano.
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