PEANUTS COMPLETO - 1950 A 1952
Editora: L± - Edição especial
Autor: Charles M. Schulz (texto e arte).
Preço: R$ 68,00
Número de páginas: 360
Data de lançamento: Novembro de 2009
Sinopse
Primeiro volume da coleção que compila, em ordem cronológica, todas as tiras diárias e dominicais de Peanuts, de Charles M. Schulz.
Positivo/Negativo
As tiras de Snoopy, Charlie Brown e companhia já foram publicadas no Brasil dezenas de vezes, nos mais variados formatos. Por isso, pouca gente acreditava que esta coleção, iniciada em 2004 nos Estados Unidos, pela Fantagraphics, fosse sair por aqui. Felizmente, os incrédulos erraram.
E a L± acertou tanto ao apostar neste material pra lá de clássico, que este primeiro volume já foi reimpresso (as vendas continuam bem) e a capa do segundo foi divulgada pela editora.
O sucesso é merecido. A edição - algo que poucos acreditavam que a L±
faria - segue o padrão gráfico da original, com capa dura, papel bom e extras
como uma introdução do jornalista, radialista e escritor Garrison Keillor
(que a editora falha ao não explicar de quem se trata), uma entrevista com
Charles M. Schulz e um texto de David Michaelis, autor do polêmico livro
Schulz
and Peanuts: a biography.
Editorialmente, entretanto, seriam bastante úteis (e enriquecedoras) algumas notas editoriais, para contextualizar situações em que os personagens se referem a fatos da época da publicação das tiras. Isso não foi feito.
Mas o grande barato é mesmo ver a gênese da tira de quadrinhos mais famosa de todos os tempos. E como ela era diferente! Charlie Brown não era o perdedor nato e até aprontava das suas com as garotas. Snoopy ainda era só um cachorro de estimação. Schroeder, Lucy e Linus surgem como crianças mais novas que o protagonista. Patty, que ainda não era Pimentinha, era gatinha. E Violet e Shermy estavam entre os personagens principais.
Acompanhar esse processo gradual de implementação de mudanças em Peanuts é um verdadeiro presente para quem ama quadrinhos, seja como leitor, seja como pesquisador.
É bem verdade que as tiras ainda estavam longe do patamar que atingiriam anos depois - o que é absolutamente natural. Mas, nos dois primeiros anos da tira, algumas nuances das características que seriam imortalizadas em cada personagem de Schulz começam a aparecer. Essa metamorfose - física e psicológica - só comprova o quanto é verdadeira a tese de que personagens ganham, sim, "vida própria" com o tempo e passam a guiar os passos do autor.
Também deve ser lida com especial atenção a entrevista de Schulz no final do livro. Em determinados momentos, o criador se mostra amargurado, como quando admite guardar ressentimentos ou diz não gostar de Peanuts, por ser um nome sem dignidade - quem batizou a série foi o editor Bill Anderson, da United Feature Syndicate, que distribuía as tiras.
Vale também conferir as opiniões de Schulz sobre outras obras e autores de quadrinhos. Em determinadas passagens, é impossível não notar que o garoto que Charlie Brown se tornou com o passar das décadas tem muito, muito mesmo, de seu "pai".
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