PEIXE PELUDO
Editora: Conrad - Edição especial
Autores: Rafael Moralez (roteiro) e Rodrigo Bueno (arte).
Preço: R$ 24,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Dezembro de 2010
Sinopse
Um dia na vida - e na cabeça - de um peixe ranzinza, solitário e trompetista, às voltas com lembranças e reflexões enquanto está em casa ou andando por diversos locais da "terra da garoa".
Positivo/Negativo
A fotografia das histórias em quadrinhos produzidas no Brasil vem ganhando novas cores progressivamente. Mas isso não quer dizer que todos os lançamentos estão no nível das melhores HQs já escritas e rabiscadas por aqui.
Um exemplo é Peixe Peludo, álbum feito a quatro mãos por Rodrigo Bueno e Rafael Moralez. A produção impressiona à primeira vista: além da qualidade editorial de praxe da Conrad, a capa é "sensível ao tato", com apliques felpudos em alto relevo, enfatizando os "pelos" do protagonista no desenho e no layout do título.
A história narra os monólogos internos de um peixe solitário e tocador de trompete pelas ruas de São Paulo. Suas lembranças, reflexões e ideias tomam forma no texto enquanto está inerte em casa ou andando por diversos locais da capital paulista, como a tradicional Rua Augusta.
O traço elegante e interessante de Rodrigo Bueno não é bem aproveitado pelos espaços nas páginas de Peixe Peludo. Falta ao quadrinhista um domínio maior de composições de cenários (não que em todas as páginas haja necessidade disso). A diagramação e a arte parecem "preguiçosas" na distribuição, mas isso não implica dizer que os desenhos são apressados ou malfeitos, vale frisar.
Outro motivo para a publicação estar abaixo da média é o roteiro de Rafael Moralez, poeta estreante nos quadrinhos e convidado pelo desenhista a compor os pensamentos do peludo. De forma aleatória, o escritor "digere" tudo que acha de ruim no mundo, deixando seus discursos (e a ação do personagem) perdidos no vazio das suas constatações a esmo.
Como um peixe fora d'água, talvez seja a intenção do autor deixar sua narrativa à deriva, mas isso soa àqueles velhos discursos tão vistos por ai em diversas outras formas de comunicação.
Em resumo, Peixe peludo atesta a máxima de que não se deve julgar um livro pela capa. Para o bem ou para o mal.
Classificação: