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PEQUENO PIRATA

1 dezembro 2011

PEQUENO PIRATA

Editora:Leya / Barba Negra - Edição especial

Autor: David B. (roteiro e arte) - Publicado originalmente em Le roi rose.

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Agosto de 2011

 

Sinopse

O navio Holandês Voador singra os mares com uma tripulação de piratas. Os bucaneiros causam, literalmente, o horror na pilhagem de outros barcos, por uma razão: eles estão todos mortos.

Todos aguardam ansiosos o momento em que poderão descansar. Mas a vida (?) dos desmortos marítimos muda quando encontram um bebê vivo em um de seus ataques.

Positivo/Negativo

É importante que se informe: esta HQ é uma adaptação de um conto de 1921 do escritor francês Pierre Mac Orlan, intitulado Le roi rose (o rei rosa).

Porém, Pequeno pirata não será encarada desse modo no Brasil. Pelo menos, não massivamente. É que o texto fonte além de não ser muito conhecido por aqui, nem foi traduzido para o português.

Desse modo, as cobranças habituais que pesam sobre obras adaptadas serão deixadas de lado. Poucos leitores se darão ao trabalho de especular a questão da fidelidade ao texto original, por exemplo.

Questão essa sempre levantada quando se fala sobre adaptações. E quem teria dito que os bons trabalhos nesse nicho são aqueles "fiéis"? E que tipo de fidelidade é possível na transposição entre dois meios com recursos tão diferentes?

Toda adaptação é a materialização de uma leitura sobre outra obra. Ser fiel passa pela individualidade da interpretação do adaptador. E, a partir daí, começam as discussões.

Discussões que não terão (ou quase) vez com Pequeno pirata, dada a distância do leitor brasileiro do conto que origina o quadrinho.

(Para os que leem em francês, há uma primeira versão do texto disponível aqui.)

O que estará próximo do leitor é uma história fantástica, em que os valores de vida e morte são invertidos e, desse modo, redimensionados e questionados. O encontro entre os piratas mortos-vivos que já estão além de qualquer vida e de um recém-nascido, chamado de Rei Rosa, é uma ótima oposição.

Dessa contradição se cria uma obra reflexiva e tocante, além de ser muito veloz e bonita. Aos opostos vida e morte se estabelecem outros: a violência dos piratas e a inocência do Rei Rosa, a espera pela morte e alegria de ver a vida em ação, o volúvel mar e o porto seguro na terra.

Os piratas do imaginário popular são anti-heróis que tomam o que precisam e se lançam ao infinito das águas em busca de novas aventuras. Não deixa de ser uma boa forma de metaforizar a infância em direção à vida adulta.

Nesta história, os piratas são monstros que anseiam pelo fim de sua existência. Estão mortos, só falta que lhes permitam descansar. Esses monstros aprendem a valorizar a existência do outro pelo filtro de uma criança, espalhando vida em um convés de navio apodrecido, habitado por desesperançados.

Porém, o desespero só atinge a todos quando a morte e a vida precisam se separar e se colocarem como instâncias distintas. O final do álbum é melancólico.

A HQ Pequeno pirata veio quietinha, navegou entre diversos lançamentos e lançou âncora entre os melhores de 2011.

Classificação:

4,0

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