O trabalho do francês Joann Sfar já é conhecido pelos leitores brasileiros de bom gosto. Sua adaptação de O pequeno príncipe, O gato do rabino e o primeiro volume de O pequeno vampiro já foram publicados por aqui.

Passaram-se quatro anos desde o lançamento de Pequeno vampiro vai à escola e este segundo álbum. E não há motivo para tamanha demora, pois o trabalho de Sfar é ótimo.

A história é voltada para as crianças, naturalmente, mas aborda questões complicadas, como a morte, de uma maneira inteligente e diferente: o autor não usa eufemismos. Vai direto ao ponto e ainda recheia os diálogos com um humor negro acessível aos pequenos leitores e que, ainda assim, não soa pesado.

Sfar faz isso criando personagens carismáticos e divertidos e situações facilmente reconhecíveis para as crianças. Afinal, quem nunca viveu um momento de vergonha pública e ficou com raiva por causa disso?

Para completar, seu desenho é fantástico. Seu traço cheio de personalidade pode ser conferido nos personagens e nos cenários muito detalhistas. A arte ganha ainda mais vigor com as cores de Walter. A dupla alterna páginas mais sombrias, como as que Michel vai à floresta e enfrenta um bando de macacos, com uma explosão de cores alegres e vibrantes, como na sequência em que o menino conhece o gato do quadro de Chagall.

A obra possui um apelo maior para o público infanto-juvenil, mas é uma leitura agradável para todas as idades. O preço pode parecer alto para um livro de apenas 32 páginas, mas o investimento vale a pena.