Phobiafilia
Editora: Diário Macabro – Edição especial
Autor: Preto Pasin (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 45,00
Número de páginas: 76
Data de lançamento: Julho de 2019
Sinopse
Após uma noite de bebedeira, um homem mergulha em uma espiral de loucura, enquanto deve enfrentar todos os seus medos em uma jornada que o leva através de becos escuros da cidade e de sua própria mente.
Positivo/Negativo
Um dos mais prolíficos gêneros do quadrinho nacional, o horror quase sempre segue as regras estabelecidas dentro do cinema, como as narrativas góticas produzidas por nomes como Rubens Francisco Lucchetti e Rodolfo Zalla, nos anos 1960 e 1970, ou na literatura, como a recente onda de HQs inspiradas por Lovecraft e Poe.
Ainda que variem dentro da infinidade de temas e subgêneros do horror, estas normas e regras restringem as possibilidades narrativas para se contar uma história assustadora, quase sempre seguindo a ordem, ambientação, preparação, susto e desfecho. É aí que Phobiafilia, de Preto Pasin, se destaca.
A história aqui se constrói por meio de um verdadeiro catálogo de medos do protagonista, que se inicia com a cenosillicaphobia – o medo de ver um copo de bebida alcoólica vazio – e desencadeia uma verdadeira jornada em direção à loucura, enquanto o leitor acompanha, página a página, o personagem encarando suas fobias.
Preto Pasin opta por um formato ousado, entrecortando a historia com um verbete que apresenta a nova fobia que será explorada graficamente a seguir. Desta forma, a narrativa se desenrola apenas nas páginas impares, enquanto as pares são ocupadas pela descrição do medo a seguir.
Mas não se engane. Esta opção não torna o quadrinho didático, já que, ao adotar este formato, a coesão do roteiro se torna muito mais complexa, pois cada página possui sua pequena história autocontida, ao mesmo tempo em que deve avançar a narrativa. Ainda que algumas transições soem um pouco forçadas, na maioria delas o autor consegue transitar entre um medo e outro com bastante fluidez.
A arte perturbadora de Pasin, que em alguns momentos lembra bastante o estilo gráfico de artistas como Dave Mckean e Bill Sienkiewicz, transmite todo o pavor e loucura do personagem e deve mexer com alguns leitores que compartilharem alguns dos medos descritos na obra.
A edição foi financiada via Catarse e inclui, além da história principal, dois “medos extras” sugeridos pelos apoiadores da HQ e um prefácio muito interessante do autor e pesquisador Oscar Nestarez, relacionando a fobia e o gênero do horror.
O ótimo acabamento gráfico, que inclui um belo design e capa dura, e a revisão competente da Diário Macabro fecham o pacote deste que foi um dos lançamentos de terror mais interessantes de 2019.
Classificação:
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