PINOCCHIO
Autores: Winshluss (roteiro e desenhos).
Preço: 30,00 €
Número de páginas: 192
Data de lançamento: Novembro de 2008
Sinopse: O engenheiro Gepetto criou um robô, mas ele acaba ganhando vida e sai pelo mundo vivendo uma tragicomédia de erros. Inspirado no clássico do italiano Carlo Collodi.
Positivo/Negativo: De uma forma ou de outra, todos conhecem a historia de Pinóquio. Dentre as diversas adaptações da fábula do boneco de madeira que ganha vida a mais conhecida atualmente é a animação da Disney, lançada em 1940.
Na sua versão, o francês Winshluss rejeita as licenças feitas pelo estúdio e resgata todo o lado sombrio e crítico do original. Ao mesmo tempo, faz as suas alterações. Uma delas é trazer a historia para o Século 21.
O boneco de madeira agora é um robô, criado para satisfazer a vontade de Gepetto em se tornar rico vendendo a invenção para o exército. Este é apenas o primeiro dos muitos desvios de caráter que aparecem no álbum.
O grilo falante, conhecido por ser a consciência do boneco, agora é barata. E a moral que representa não é, em momento algum, a mesma mostrada na história da Disney. Jiminy Cafard, nome do personagem, é um bon vivant com aspirações a escritor, que sobrevive na cabeça do robô.
Jiminy funciona como uma quebra no ritmo trágico da história. Ele representa o lado cômico do álbum. Em raras cenas, sai do seu lar e é responsável pela grande maioria dos diálogos.
Pinóquio, por outro lado, é puro movimento, mas nenhuma fala. A maior parte da historia se passa sem narração ou textos. A arte se encarrega, e alcança o objetivo, de transmitir todas as informações.
Ao fazer essa opção, Winshluss deixa que todos os detalhes sejam retratados pelos desenhos. A arte é extremamente detalhada. O traço e as cores remetem a ilustrações de diversos estilos, que vão de velhos cartazes de cinema e circo, passando pelas animações iniciais da Disney até os quadrinhos underground da década de 1960.
Ao longo da jornada, Pinóquio e Jiminy encontram diversos personagens secundários cujas vidas se cruzam. Todos eles são apresentados como exemplos do que há de mais devasso na sociedade atual.
Fanáticos religiosos, capitalistas inescrupulosos, ditadores, aproveitadores e detetives desajustados. Eles andam por um mundo onde as drogas e a violência estão presentes em cada página.
Pinocchio é uma grande ópera em quadrinhos. Com um roteiro tragicômico e uma arte exuberante, que tem como fundo uma grande critica à sociedade contemporânea.
Vencedora do Fauve d'or (melhor álbum em quadrinhos) no Festival de Angoulême de 2009, a obra mostra o lado esquecido da história, ao mesmo tempo em que a traz para o Século 21.
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