PLANETARY E BATMAN – NOITE NA TERRA
Título: PLANETARY E BATMAN - NOITE NA TERRA (Pixel
Media) - Edição especial
Autores: Warren Ellis (texto), John Cassaday (arte) e David Baron (cores).
Preço: R$ 11,90
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Novembro de 2007
Sinopse: Elijah Snow, Jakita Wagner e o Baterista vão a Gotham City em busca de um assassino serial que vem cometendo diversos crimes.
O que eles não sabem é que o bandido está conectado com um multiverso - e na sua busca acabam deparando e enfrentando diversas versões de um homem que se veste de morcego.
Positivo/Negativo: Noite na Terra é uma HQ elogiadíssima, e são louvores que se faz com justiça. Não só o argumento é brilhante, mas também o roteiro. Ellis fez um trabalho conciso e poderoso. Soma-se a ele a arte arrebatadora de Cassaday, que criou cenas de ação ricas e belíssimas. As cores de David Baron estão tão boas que colaboram com a própria narrativa, em especial quando o corpo dos personagens separa o quadro em duas partes com iluminação diferente.
O resultado da obra é mais do que uma HQ de primeira, mas uma história que joga por Terra o que, até agora, se entende por crossover.
Recapitulando: crossovers mostram o encontro de dois personagens ou mais personagens que não costumam agir juntos e podem ser de universos ficcionais e editoras diferentes. Há alguns antológicos, que chegam a ser surreais, como Superman e He-Man ou mesmo Tartarugas Ninjas e Archie. Mas os mais conhecidos são mesmo aqueles que colocam frente a frente personagens da Marvel e da DC.
Com honrosas exceções (e às vezes até mesmo nelas), o resultado dos crossovers é esquizofrênico. Em vez de uma nova história, brota um híbrido entre duas revistas distintas. Não há identidade, falta qualidade e, em várias oportunidades, nem mesmo se encontra uma mísera história, apenas um arremedo de narrativa construído em cima de um pastiche.
É nesse ponto que Noite na Terra desafia o conceito de crossover: ela não é uma história do Batman. Não se trata de um cruzamento de duas narrativas que resulta em uma terceira. A obra de Ellis e Cassaday é evidentemente uma história de Planetary - e não deixa espaço para ser uma aventura do Homem-Morcego.
Como na revista de linha da série (publicada em duas antologias da Devir e na Pixel Magazine), os Arqueólogos do Impossível chafurdam na cultura pop mundial. Batman é mais um dos "convidados especiais" da trama, que já viu em suas páginas versões de Sherlock Holmes, Nick Fury, Godzilla, Superman, John Constantine e tantos outros. O Homem-Morcego participa de forma menos velada, sem pastiches nem reformulações marcantes. Mas o espírito é o mesmo.
Chamar Noite na Terra de crossover é apenas uma estratégia mercadológica. Afinal, a venda de Planetary nos Estados Unidos fica aquém dos números de Batman.
A Pixel, nítida e curiosamente, aposta no nicho de leitores de Planetary, uma prata da casa, mais do que no apelo pop do Morcego, que leva o selo da concorrente. Daí o aviso: enquanto os leitores dos Arqueólogos do Impossível têm algumas notas explicativas sobre o Universo DC (sobre Crise nas Infinitas Terras e o herói portar armas), os batmaníacos desabituados podem se perder na realidade hermética da série da Wildstorm.
Mas a viagem à Gotham de Planetary é, no mínimo, instigante, e vale a pena mesmo para quem corre o risco de se perder. Ellis a reconstrói, e o que surge é uma cidade insuportável, que apavora o próprio Batman residente, que nem sequer existe.
Em mundos mais amenos, o herói está lá, para o bem (há uma luta monumental entre Batman e Jakita em que Cassaday brilha) e para o mal (Adam West, quem diria...).
A edição especial, em tamanho maior (20,2 x 29 centímetros), peca só em pequenos detalhes, como revisão (uso dos logos velhos da DC, falta de um "se" na página 8, ausência de hífen em Homem-Morcego, Neal Adams grafado como Neil). De resto, a versão brasileira é mais do que bem-vinda: é motivo de celebração.
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