Plastic Man – Volume 2 – Rubber bandits
Editora: DC Comics – Edição especial
Autor: Kyle Baker (roteiro e arte) – Originalmente publicado em Plastic Man # 8 a # 11 e # 13 e # 14.
Preço: US$ 16,99
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Janeiro de 2006
Sinopse
Um terrível criminoso viajante temporal espalha o caos por onde passa, com um intrincado plano que tem como objetivos impedir o assassinato de Abraham Lincoln e... apresentar o Homem-Borracha ao seu filho?
É apenas mais um dia na vida do mais volátil combatente do crime.
Positivo/Negativo
Entre 1999 e 2003, a dupla Paul Dini e Alex Ross publicou seis encadernados com os personagens da DC, enaltecendo suas características heroicas e explorando o talento da arte fotorrealista do artista, como a premiada Superman – Paz na Terra. E esse é o mote para a primeira tirada de Kyle Baker, simulando a arte de Ross enquanto usa o mesmo estilo de texto pra engrandecer o Homem-Borracha.
Com muita acidez, Baker ironiza a pieguice do texto de Dini nesses álbuns, iniciando uma piada metalinguística com a história em quadrinhos dentro de uma história em quadrinhos.
Isso só nas primeiras duas páginas do encadernado, que traz Baker brincando com os absurdos de uma indústria que tenta se levar a sério demais – e se vê incapaz de enxergar o ridículo em homens fantasiados combatendo o crime de sua estação orbital na Lua.
Mais que isso: brinca com essa indústria que se permeia por absurdas continuidades com confusos multiversos, nas quais quem é morto sempre aparece, e o tempo (e Terras paralelos, inclusive concorrentes) não são obstáculos para os personagens.
É com intenção de criticar esse cenário que Baker compõe a história Bandido da Continuidade (Continuity Bandit, no original), que traz o elaborado e nada funcional plano do vilão Senhor do Tempo.
O plano é tão absurdo e insano, que o final tem direito a uma revelação rocambolesca, no melhor estilo Scooby-Doo, sobre quem era o verdadeiro vilão e quais suas reais intenções.
Nisso, Baker aproveita para agulhar algumas das decisões editoriais da DC, como a pouco memorável apresentação na continuidade oficial do filho do Homem-Borracha (o personagem faz parte do universo de Reino do Amanhã, no qual é o herói Offspring). O garoto Luke é apresentado em JLA # 65, numa HQ escrita por Joe Kelly, em que o Homem-Borracha é mostrado como um pai ausente, que abandonou o filho à própria sorte.
Se isso não bastasse, o menino, seguindo más influências, estava começando uma carreira no crime. Essa ideia nada inspirada não foi mais abordada em momento algum, e Baker viu a perfeita oportunidade para questioná-la. Afinal, como o sempre bem-humorado e risonho Homem-Borracha poderia esconder tal segredo dos demais membros da Liga da Justiça (e outros heróis) entre uma galhofa e outra?
É uma grande descaracterização do histórico do personagem, e Baker usa diversas ferramentas para destilar seu veneno, incluindo a referência à sua personagem censurada, a babá de Superman Letitia Lerner, de uma história curta da antologia Elseworlds 80-page giant, publicada posteriormente em Bizarro Comics (saiu no Brasil em 2005, pela Opera Graphica).
Só este arco já é motivo para ler este fantástico encadernado, mas Baker ainda oferece outras pérolas, como a apresentação de Edwina (a jovem tutelada do herói), o último esquema diabólico do então presidente dos Estados Unidos Lex Luthor, o mais terrível livro do mundo e como super-heróis elásticos resolvem seus problemas com pestes. Sobram motivos para risadas e o bom humor é garantido.
A série merece ser conferida, e vale o garimpo em busca dos dois encadernados (leia aqui a resenha do primeiro volume) ou pelas 20 edições individuais. Trata-se de um dos melhores materiais de humor das últimas décadas e, de longe, o mais interessante da DC desde a Liga da Justiça de Keith Giffen e J.M. DeMatteis.
Classificação