PONTO DE IGNIÇÃO # 5
Editora: Panini Comics - minissérie mensal em cinco edições
Autores: Geoff Johns (roteiro), Andy Kubert (desenhos), Jesse Delperdang e Sandra Hope (arte-final) e Alex Sinclair (cores).
Preço: R$ 5,90
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Na conclusão da saga, os heróis Batman, Flash e Cyborg contam com a ajuda de diversos meta-humanos para evitar a destruição do universo e restaurar a realidade original. De quebra, precisam enfrentar o perigoso Flash Reverso.
Positivo/Negativo
A saga Ponto de ignição apresentava alguns objetivos consistentes e bem definidos. Explorar a mitologia do Flash, personagem que passou por uma reformulação recente pelas mãos do roteirista Geoff Johns, apresentar numa realidade alternativa versões drasticamente alteradas dos principais super-heróis da DC Comics, e preparar o terreno para o reboot da editora, que relançou 52 novos títulos mensais e "zerou" sua cronologia para conquistar novos leitores.
Infelizmente, contudo, pode-se constatar que este crossover da autoria de Geoff Johns com o ilustrador Andy Kubert falhou em todos os seus propósitos, revelando-se um trabalho preguiçoso, feito às pressas para agilizar as reformulações de personagens do Universo DC e sem cuidado com caracterizações ou tensão dramática.
Em resumo, os autores fracassaram em apresentar uma boa história para acompanhar o fim de mais uma era aos tão sofridos quadrinhos de super-heróis.
Como uma saga de realidade alternativa, nos moldes da popular Era do Apocalipse, dos mutantes da Marvel, Ponto de ignição poderia ganhar com a possibilidade de um universo transformado, rico e original. As minisséries relacionadas, assinadas por autores diversos, até conseguiram mudar de verdade a face do Universo DC, mas foram muitos títulos redundantes e poucos talentos para tocá-los.
Apenas o Batman de Brian Azzarello e Eduardo Risso, e o Projeto Superman de Scott Snyder e Gene Ha resultaram em contos dignos de nota. Essas histórias foram publicadas pela Panini numa minissérie paralela, com o título Ponto de Ignição Especial, e são bem mais atraentes que a série principal.
Johns é um roteirista talentoso, que conhece a fundo a mitologia do Universo DC e consegue trabalhar em sagas com grande número de personagens, mas o texto aqui é burocrático e sem emoção. O pior é que não acontece quase nada em cada edição, e quando o desfecho aponta para uma explosão criativa, há somente soluções previsíveis e os mais batidos clichês do gênero super-heróis.
O grande vilão da narrativa, o Flash Reverso (também conhecido como Professor Zoom) é um daqueles personagens que sofrem pela superexposição. Após ganhar destaque nos anos 1980, na saga do julgamento de Barry Allen, e na década seguinte, na fase em que Wally West vestia o uniforme do corredor escarlate, escrita por Mark Waid, ele foi reutilizado toda vez que o super-herói velocista precisou de um inimigo mais poderoso e visceral, tanto que sua presença em Ponto de ignição já não empolga mais.
Mulher-Elemento, Capitão Marvel e Bandoleiro também participam do confronto derradeiro, num desfile de uniformes coloridos e de pouca personalidade. Fica clara a intenção de revitalizar esses heróis esquecidos na nova fase da DC, mas nesta história eles nada contribuem.
Johns ainda se esforça em criar um elemento emocional mais humano ligando Batman e Flash a tragédias familiares, que de fato resulta no aspecto mais interessante da edição. Mas é pouco para salvar um roteiro tão pobre e pouco imaginativo.
Quanto à arte, Andy Kubert brilha e ilustra com rara competência os ícones da DC em suas versões alternativas. O destaque vai para as cenas de ação, que só não ficaram melhores porque o roteiro não ajuda.
Enfim, para os leitores que acompanharam as sagas do Universo DC original nas últimas décadas, é triste notar a falta de respeito da editora com o seu público fiel, que só ganhou uma página dupla - que não esclarece nada - para marcar a mudança de universo do reboot.
E saber que a DC ainda manteve elementos de sua versão anterior espalhadas pelas novas revistas, num sinal de que poderá reverter tudo ao status anterior a qualquer momento. Completam a revista páginas com designs de personagens comentados por Andy Kubert, valorizando minimamente a publicação.
Classificação: