Não há dúvidas de que o marinheiro Popeye funciona melhor nos desenhos animados. Mas nem por isso ele deixou de fazer sucesso nos quadrinhos, desde que, criado originalmente para essa mídia, estreou nas tiras de jornais dos Estados Unidos, em julho de 1929, concebido por Elzie Crisler Segar.

Se alguém duvida disso, vale registrar que, no Brasil, o personagem chegou em 1932, também nos jornais, e a partir da mesma década invadiu as bancas com títulos mensais, edições mensais e almanaques até o início dos anos 2000 (com um hiato durante a década de 1990).

Trilhou pelas editoras Grande Consórcio Suplementos Nacionais, O Cruzeiro, Bloch, Vecchi, Abril, Ebal, RGE, Saber, Ondas, Record, Globo, L± e Etcetera até chegar, em 2012, à Pixel Media.

Este novo título, entretanto, traz Popeye de volta às bancas brasileiras ancorado por uma galeria de personagens de outros universos editoriais.

Isso pode ser uma precaução quanto ao fato de que, no País, o marinheiro comedor de espinafre já não goza de muita popularidade entre as crianças e não traz o tipo de humor que atraia o público adulto (a não ser por um período dos anos 1990, em que o cartunista Bobby London assumiu as tiras, implantou temáticas maduras e polêmicas e acabou sendo demitido por isso).

E foi uma decisão acertada, pois, ao menos nesta edição de estreia, Recruta Zero, Hagar, o Horrível e Belinda & Adalberto são os grandes destaques do almanaque.

Mas Popeye e a sereia - publicada originalmente em tiras de jornais -, HQ de abertura da edição, deverá agradar a todos pela ingenuidade e uma leve pegada nonsense.

Certamente, a revista ganharia um belo reforço se, nas edições seguintes, em vez de se limitar ao material da King Features, trouxesse as aventuras inéditas do Popeye que a IDW está publicando nos Estados Unidos, no título próprio do personagem. São HQs que têm em sua equipe criativa, dentre outros nomes, ninguém menos que John Byrne.

Também faltou, nesta primeira edição, um texto de apresentação das séries. Não há uma só linha escrita, nem mesmo sobre o Popeye ou sua vida editorial pregressa no Brasil.

Ora, é tão difícil entender que, numa estreia, sempre se agrega valor e aguça a curiosidade do leitor biografar os personagens que ele encontrará no gibi, principalmente quando nessas páginas está Belinda & Adalberto, uma das mais cultuadas séries dos quadrinhos norte-americanos, ainda desconhecida do grande público no Brasil?