POWERS
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Brian Michael Bendis (roteiro), Michael Avon Oeming (arte) e Pat Garrahy (cor).
Preço: R$ 100,00
Número de páginas: 458
Data de lançamento: Dezembro de 2010
Sinopse
Quem matou a Moça-Retrô? - A super-heroína mais popular e reverenciada da cidade é brutalmente assassinada. O detetive Christian Walker e sua nova parceira Deena Pilgrim realizam as investigações, que acabam por revelar detalhes do passado do próprio policial.
Patrulha - O detetive Walker recebe ordens de acompanhar o roteirista de histórias em quadrinhos Warren Ellis, que pesquisa a rotina diária dos policiais para escrever sua próxima graphic novel.
O jogo - Estudantes universitários se fantasiam de super-heróis para se divertir em um jogo. Mas, em uma única noite, vários deles são mortos. Novamente, Walker e Pilgrim partem para descobrir os culpados.
Positivo/Negativo
Powers é uma série policial, e não de super-heróis. Por acaso, existem seres superpoderosos na cidade e, quando acontecem crimes envolvendo esse tipo especial de cidadão, o especialista chamado é o detetive Christian Walker.
Assim, a trama parte de um assassinato e o leitor acompanha as investigações de Walker e sua parceira Deena Pilgrim. Essa é a fórmula. E, a partir dela, Bendis constrói uma deliciosa história em quadrinhos.
Criada em 2000, Powers foi publicada pela Image nos Estados Unidos e ganhou diversos prêmios Eisner, inclusive o de melhor desenhista, para Michael Oeming, e melhor roteirista, para Brian Bendis.
Os traços de Oeming são simples e caricatos, muito inspirados pelo trabalho de Bruce Timm (que elaborou o visual da série animada do Batman nos anos 90). É o estilo desses desenhos que embala o ingrediente principal da série: os roteiros de Bendis.
As histórias de Powers são construídas essencialmente sobre os diálogos, que são muito bem trabalhados e ditam até mesmo o layout das páginas.
Logo no começo da aventura inicial, percebe-se que a disposição e estruturação dos diversos balões dá o ritmo da fala dos personagens e impede que o texto pareça excessivo e cansativo. Mas Bendis vai além; e os diálogos também determinam a organização dos quadrinhos na própria página.
É muito comum que uma cena de interrogatório ou conversa se distribua em páginas duplas e os balões guiem o leitor em sentidos de leitura não convencionais.
Assim, há sequências de quadrinhos que são lidas horizontalmente de uma página a outra; e narrativas paralelas secundárias, que seguem sentidos verticais e horizontais contornando os quadros da cena principal, entre outros experimentalismos.
Além disso, os diálogos de Bendis são tão bem escritos e dão credibilidade aos personagens e às suas bem definidas personalidades.
Mas vale ressaltar: o desenho de Oeming não é apenas decorativo. Há sutilezas nas expressões dos personagens e mesmo em detalhes de cenas que são indispensáveis na narrativa. Apesar do forte da série serem os diálogos, há diversas sequências "silenciosas" de ação, sem palavra alguma. E, aí, a arte dá o recado.
Outro charme das aventuras são as participações especiais. Diversos super-heróis criados por outros artistas fazem "pontas" na trama, como Savage Dragon, de Eric Larsen, e Madman, de Mike Allred.
Entretanto, o grande destaque desta edição é a presença de Warren Ellis, autor de Planetary, Transmetropolitan e outros títulos. Na história curta Patrulha, ele é um dos personagens centrais da trama.
Vale destacar também as capas da série original, que, em algumas edições, fazem releituras de discos dos Beatles, Janis Joplin e outros artistas.
Mais detalhes sobre a produção das capas e participações especiais de outros personagens podem ser encontradas nas 150 páginas de rico material extra que o álbum apresenta. Há comentários de Bendis, o roteiro original da edição número 1, um "especial para colorir", as tiras de Powers publicadas em um periódico, esboços de Michael Oeming, uma seleção da seção de cartas da revista original e alguns artigos.
Graficamente, o álbum da Panini é primoroso. Capa dura, mais de 400 páginas e muito material extra. Mas há um vacilo editorial gritante: no capítulo 6 de Quem matou a Moça-Retrô?, várias páginas que originalmente são duplas (143-144, 153-154, 155-156, 163-164) estão dispostas de maneira errada, começando na ímpar e terminando na par, deixando a leitura desencontrada.
Considerando o preço e a opulência da edição, o leitor tem todo o direito de exigir que problemas primários como este (que derrubaram a nota do encadernado) não aconteçam.
Classificação: