POWERTRIO
Autores: Rafael Albuquerque, Eduardo Medeiros e Mateus Santolouco (texto e arte).
Preço: R$ 5,00
Número de páginas: 28
Data de lançamento: Outubro de 2008
Sinopse: Uma guitarra marcada pelo demônio parece ser a responsável pelo sucesso de Van Hudson, líder da banda De-Mo.
Positivo/Negativo: Vender a alma ao diabo é um dos temas mais batidos da ficção. E isso vai de Fausto a Motoqueiro Fantasma. É um argumento que evoca automaticamente uma série de clichês: objetos mágicos, gente rica e famosa, contratos assinados com sangue, demônios disfarçados e por aí afora.
Mas o fato é que Powertrio, ainda bem, vai além dos clichês satânicos e se impõe como uma divertida revista independente.
O
argumento poderia atrapalhar, mas isso não rola. É porque Powertrio
tem uma compensação: todo o resto da revista colabora.
Sua estrutura, por exemplo, é dividida em três partes, cada uma a cargo de um criador e batizada com uma estrofe de letra de música.
O primeiro capítulo, de Rafael Albuquerque, mostra um jovem que se diz arrependido de não ter comprado a guitarra maldita.
Em seguida, Eduardo Medeiros, com um traço mais cartunesco, traz um grupo de amigos que se prepara para um show da banda De-Mo.
Por fim, Mateus Santolouco conta como Van Hudson fez o pacto com o demônio.
Cada um tem um traço bem diferente dos demais. O que mais os aproxima são os tons de violeta da impressão e a linguagem da tonalização, marcada por retículas que reforçam o lado pop da série.
Com isso, os segmentos conversam entre si, formando um conjunto rico e bastante interessante.
O recurso de dividir em segmentos que contam a história sob perspectivas diferentes também colabora com a trama. Afinal, o clichê do pacto com o demônio se dilui na medida em que as tramas paralelas se enriquecem.
Além do bom resultado de criação, Powertrio é uma revista caprichada: tem capa bonita e elegante, capa interna com arte, bom papel e impressão acima da média.
Ao final da leitura, dá vontade de conferir imediatamente a continuação da história - na revista Overdose, já publicada, e sua conclusão, Cabaret, por enquanto inédita.
Não bastasse ser uma boa história, Powertrio é uma forma de se ver circular o trabalho de três artistas que têm uma carreira muito interessante.
Albuquerque, por exemplo, foi elogiado ao desenhar a série do novo Besouro Azul (DC Comics), inédita no Brasil, e assume agora como titular da revista Superman / Batman - trabalho que deve chegar aqui em 2010.
Medeiros, que tem um estilo mais ligado aos quadrinhos underground, faz a ótima tira autobiográfica Hellatoons.
E, depois de publicar em editoras menores, Santolouco acaba de fazer seus primeiros trabalhos para as majors DC e Marvel - com histórias curtas do vilão Espantalho e do super-herói Wolverine.
Tudo bem que nem tudo que o trio faz circula facilmente no mercado nacional. Mas não dá pra considerar que Powertrio é um prêmio de consolação. Trata-se, afinal, de uma HQ pra valer, que anda lado a lado com as demais criações dos autores.
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