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PREACHER #31

1 dezembro 2004


Título: PREACHER # 31 (Brainstore) - Revista quinzenal

Autores: Garth Ennis (roteiro) e Steve Dillon (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Setembro de 2003

Sinopse: As Portas do Inferno - Parte 3 de 4 - Sobre os Irlandeses na América - A narrativa de Sally sobre o passado obscuro de Cassidy chega ao fim, com inúmeras revelações assustadoras. Enquanto isso, Starr decide partir pra ofensiva contra Eisenstein.

Positivo/Negativo: Uma edição excepcional é o mínimo que se pode dizer. Desde a capa agressiva de Glenn Fabry até a inesperada última página. A avalanche de sentimentos contraditórios lançada por Ennis vai aumentando de complexidade a cada número, ampliando as expectativas para o desfecho que se aproxima.

Parece claro que As Portas do Inferno serve, principalmente, para armar o palco para o arco final, Álamo, colocando todos os personagens e elementos da série em suas posições para o conflito definitivo.

O restante do passado negro de Cassidy é revelado por uma moribunda Sally, aumentando o nó no estômago do reverendo Jesse Custer e dos leitores. Em vários momentos, os desenhos de Steve Dillon resumem perfeitamente a degradação atingida pelos personagens. Destaque para o segundo quadro da página 5 e para as 12 e 13, que lembram o tétrico final do filme Entrevista com o Vampiro.

Aliás, o close na face de Cassidy, no segundo quadro da página 13, é uma das imagens mais assustadoras publicadas em 2003. O contraste com a aparição seguinte do vampiro, na página 17, recuperado e boa-pinta, consegue atingir um efeito ainda mais perturbador.

Cassidy é um personagem trágico e maravilhoso, com muito a dizer nesses tempos sombrios. Não seria o mais assustador o fato de reconhecermos nele fraquezas que sentimos ter dentro de nós, em maior ou menor grau, ou em pessoas que tentamos amar apesar de tudo?

O terror neste arco de histórias está focado ao mesmo tempo na nostalgia e na tragédia. A nostalgia de tempos mais felizes e inocentes, que nós tentamos de todas as maneiras tornar eternos; e a tragédia, resultante de quando a inocência se vai e as coisas escapam do controle. É quando as portas do inferno se abrem, não o inferno cristão de culpa e punição post mortem, mas sim o do cotidiano de nossas próprias fraquezas não assumidas.

A trilha sonora apropriada para a leitura dessa HQ é a do filme Réquiem para um sonho, que também expressa de maneira crua e profunda o que acontece quando tudo vai para o inferno, quando todos os sonhos morrem, mas continuamos vivos e temos que continuar apesar de tudo, mesmo quando nossas almas já estão mortas.

Garth Ennis e Steve Dillon nos convidam a dar uma boa olhada no abismo que também está olhando pra nós. E ele é tão profundo que nem mesmo a trama paralela cômica envolvendo Herr Starr e suas tentativas patéticas de eliminar Eisenstein conseguem aliviar.

Jesse Custer está assombrado por esse abismo e, nesse momento, a luz de Tulipa se torna ainda mais preciosa. Mas o abismo não espera e acaba nos alcançando, como a última página deixa claro. Pausa pra respirar e aguardar o próximo capítulo.

Um merecido destaque vai para a Brainstore, pela publicação de uma biografia bem-humorada de Glenn Fabry, o capista que, definitivamente, sabe ver a vida com bons olhos (isso é uma ironia, claro), com direito aos esboços iniciais das capas das edições 30, 31 e 32.

Classificação:

4,0

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