PREACHER #32
Título: PREACHER # 32 (Brainstore) - Revista quinzenal
Autores: Garth Ennis (roteiro) e Steve Dillon (desenhos).
Preço: R$ 7,90
Número de páginas: 24
Data de lançamento: Outubro/Novembro de 2003
Sinopse: As Portas do Inferno - Parte 4 de 4 - Ponha os Pingos nos "I"s - Jesse Custer e Tulipa reencontram Cassidy, Herr Starr tem seu confronto definitivo com Eisenstein e Cara-de-Cu é execrado pela opinião pública.
Positivo/Negativo: Fim das preliminares. O palco está armado. A partir da próxima edição tem início o arco final de Preacher e, finalmente, teremos a chance de ver o desfecho de uma das mais interessantes séries de quadrinhos já lançadas no Brasil. Por ora, vamos avaliar os últimos elementos que Garth Ennis deixou na berlinda nessa última parte do arco As Portas do Inferno.
Nos últimos meses, os leitores foram acompanhando toda a verdade a respeito de Cassidy e do mal que ele fez às pessoas que o amaram. Num intenso processo de identificação com Jesse Custer, foi possível sentir todo o desconforto e perplexidade diante dessa face sombria daquele grande "chapa", que pensávamos ter ao nosso lado.
Com esses sentimentos à flor da pele, acabamos dando de cara com Cassidy no final da edição anterior. Tudo poderia acontecer… mas o que rola é inesperado e, paradoxalmente, previsível… e patético.
Diante da face impenetrável de seu ex-amigo Custer, Cassidy simplesmente fraquejou, encolheu-se, mesmo tendo a força física suficiente para quebrar o reverendo ao meio e levar Tulipa embora com ele. Como uma criança que dá de cara com o pai e, repentinamente, se vê desnudado de todas as máscaras, despido, assustado, plenamente consciente de todas as falhas e fraquezas.
O confronto definitivo foi adiado para os próximos números. Enquanto isso, Starr consegue dar um fim em Eisenstein e fundamentar sua posição como pai supremo do Graal, embora não tenha mais culhões pra isso (desculpe, foi inevitável fazer essa brincadeirinha infame). Cara-de-Cu, por sua vez, descobriu o quão volátil é a condição de ídolo pop, e está de volta à rua da amargura.
Nas edições anteriores, Jesse teve seu primeiro encontro com Deus e adquiriu o conhecimento que pode significar sua vitória sobre o Todo-poderoso. A relação de Custer e Cassidy, aparentemente, tem alguma coisa a ver com isso, embora o amor de Tulipa seja a força motriz que impulsiona o reverendo em frente.
Starr, cheio de ódio, não vai descansar enquanto não tiver Jesse em suas mãos. O Santo dos Assassinos está solto por aí. Todos esses elementos estão prestes a entrar em rota de colisão. O que acontecerá a seguir é algo que só podemos especular.
Um destaque deve ser dado para as belíssimas últimas páginas. É de uma melancolia quase insuportável ver Amy sozinha na neve depois da partida de Jesse e Tulipa, dizendo: "Eu queria estar indo com vocês. Queria ser um de vocês. Qualquer um."
Além disso, essa seqüência traz duas insinuações extremamente desconfortáveis para o leitor: 1) Quando Amy pede a Jesse para que voltem a visitá-la, ele diz apenas adeus. Será que isso significa que o reverendo espera nunca voltar de seu confronto final com Deus? 2) A voz que vem do beco dizendo "me ajude" deve ser, certamente, de Cassidy. Dado o que agora sabemos de seu passado, imaginar o vampiro nos arredores do apartamento de uma Amy extremamente fragilizada e carente faz disparar um alerta de perigo no leitor mais atento. Será que Ennis seria tão cruel assim? Sinceramente, este escriba espera que não.
Finalmente, o encerramento de mais essa fase de Preacher não poderia terminar de outra forma senão com um grande "foda-se". Agora é segurar as pontas, aguardar os próximos meses (no fim das contas, a Brainstore não conseguiu mesmo terminar a série em 2003 - não que isso tenha sido nenhuma surpresa, claro) e achar um lugar confortável para sentar e ler o arco final. Onde estará Deus, afinal de contas? A resposta está chegando.
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