Título: PREACHER # 34 (Brainstore) - Revista quinzenal

Autores: Garth Ennis (roteiro) e Steve Dillon (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Janeiro de 2004

Sinopse: Álamo - Parte 2 de 3 - O Trovão de Suas Armas - O Santo dos Assassinos responde ao chamado de Jesse Custer. Em meio aos restos assombrados do vilarejo de Ratwater, ambos iniciam a elaboração de um plano para surpreender e matar Deus!

Positivo/Negativo: Pouco a pouco, os mistérios de Preacher vão sendo revelados. Jesse Custer divide com o Santo dos Assassinos suas descobertas a respeito dos objetivos secretos de Deus (obtidas de seu breve encontro com o Criador, ocorrido em Preacher # 23 - edição 49 americana), fazendo com que a profunda crítica de Garth Ennis aos fundamentos da religião cristã se torne cada vez mais clara.

Seria Deus, simplesmente, o ser mais carente do universo? Teria Ele criado o mundo movido por um desejo incontrolável de amor, de companhia? O ser humano teve de ser, portanto, uma criação tão imperfeita, dotada de livre arbítrio, e o mundo um lugar tão cheio de imperfeições para que os homens se voltassem para Deus em busca de sentido para sua existência, num jogo narcisista de proporções cósmicas? Seria Deus tão mesquinho e egocêntrico (como qualquer ser humano), a ponto de não se importar com a dor e o sofrimento de sua criação, desde que seja amado incondicionalmente por ela?

Essa é, ao menos, a visão de Jesse Custer. E se o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, não seria o seu potencial para o horror e ignorância um reflexo das imperfeições do próprio Criador?

Sem dúvida, é um ponto de vista extremamente polêmico mas, em um ou outro momento da vida, todos nós já não nos perguntamos essas mesmas coisas, sem conseguirmos (ou sem nos atrever) a achar uma resposta?

E quanto ao oposto? Não teríamos nós, seres humanos imperfeitos e estúpidos, criado um Deus para responder nossas dúvidas? O arquétipo de um Criador, tão falho quanto nós mesmos, como se refere a psicanálise junguiana? De uma forma muito semelhante às idéias de Neil Gaiman em Sandman, onde os deuses só existem enquanto seus adoradores acreditam neles?

Ainda que possam ser acusados de hereges por fiéis mais exaltados, Garth Ennis e Steve Dillon de fato criaram uma moderna saga de fé: a busca do homem contemporâneo, mais amadurecido e menos ingênuo, pela compreensão dos mistérios divinos, da criação, do universo e de seu papel nele, de modo muito semelhante ao cineasta Martin Scorcese em seu filme A Última Tentação de Cristo, que abordava o lado humano (e falho) de Jesus Cristo.

O que os próximos números ainda vão revelar? Será que a força mais mortífera que já foi liberada na Terra, o Santo dos Assassinos irá realmente matar Deus, sob ordens do Reverendo Custer? E quais seriam as implicações filosóficas de um ato tão simbólico? A morte do Criador pelas mãos de sua criação. Os próximos capítulos de Álamo prometem ser inesquecíveis. Pausa pra respirar e aguardar.

Por falar em aguardar: afinal de contas, Preacher ainda é quinzenal? Desde o número 28, o texto no expediente da revista diz apenas "Preacher é uma publicação da Brainstore Editora". Nenhuma referência à periodicidade, mas as edições têm demorado bem mais do que 15 dias para chegar às comic-shops. Arquive na letra X, para casos insolúveis, e envie para o escritório de Fox Mulder e Dana Scully.