Demorou, mas Preacher, finalmente chegou ao final no Brasil. Ponto para a Panini, que fez um belo trabalho com o material (neste encadernado, passou apenas um "morrrendo", na página 91) e pôs fim à "maldição" dos diversos cancelamentos que a série teve em nosso mercado.

O título chegou ao Brasil em 1997, pela Metal Pesado Quadrinhos, em duas edições publicadas numa série mensal da editora, chamada de Obras-primas Vertigo.

Depois, pela própria Metal Pesado, passou a ter título próprio, com duração de 18 edições, sendo que, no número 12, a editora passou a se chamar Tudo em Quadrinhos. Em seguida, foi acrescentado o selo Edições Fractal e, por fim, no 18, se tornou uma revista da Atitude Publicações.

A série foi cancelada e voltou a ser publicada, então, pela Brainstore, que continuou do ponto em que a Atitude havia parado, mas começou uma nova numeração, e seguiu até o 34. Em pleno andamento do último arca da saga, outra interrupção e as seis histórias derradeiras não foram lançadas.

Em 2006, a Devir adquiriu os direitos de publicação da série, mas decidiu reiniciá-la, no formato de álbuns. Depois de três volumes lançados, o título foi para a Pixel, que colocou outros dois encadernados no mercado. E, então, nova mudança de editora.

A Panini continuou a sequência interrompida na Pixel, mas mudou a "cara" dos álbuns, que ganharam papel luxuoso, formato americano e capa dura. Depois de Salvação e Às portas do inferno, eis que chega Álamo, no qual o leitor brasileiro conhecerá o desfecho da trama de Jesse Custer, Tulipa, Cassidy, Santo dos Assassinos, Starr, Cara de cu e até de Deus!

E o final faz jus ao endeusamento (com o perdão do trocadilho) que os fãs e a crítica têm por Preacher. Ao longo de 66 edições e mais alguns especiais, Garth Ennis foi construindo uma história que deixava o leitor ávido pelo próximo número.

Sim, é verdade que a trama ficou meio datada - afinal, falar de grunges atualmente, por exemplo, é quase bizarro -, mas a obra deve ser lida com o devido distanciamento histórico.

Os personagens de Ennis foram sendo tão bem moldados no decorrer das edições, que não era raro o leitor "esquecer" do objetivo principal de Jesse Custer: ferrar com Deus. Afinal, havia o mistério em torno de Cassidy, o relacionamento amoroso com Tulipa, a perseguição de Starr e seu Graal e até o drama do pobre Cara de cu.

Em suma, Ennis criou diversos subplots e foi amarrando-os aos poucos. Os "nós" finais estão neste último encadernado, Álamo. Com as doses habituais de violência, mistério e humor corrosivo e no traço de Steve Dillon, que faz os personagens sempre muito parecidos - talvez o maior problema da série.

Entretanto, durante a leitura, vale notar que, apesar do sangue jorrando, das diversas mortes, do clima de terror, perseguição e suspense, o sentimento quase insano que une Jesse Custer e Tulipa é o ponto alto de toda a trama.

Por isso, mesmo com toda a "fama de malvada", não dá pra negar: no final das
contas, Preacher é uma baita história de amor. Ou, pra ficar no
clima da série, uma puta história de amor do caralho!

Agora, é torcer para a Panini relançar os encadernados anteriores com o mesmo capricho.