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PRETO E BRANCO # 1

1 dezembro 2006


Título: PRETO E BRANCO # 1 (Conrad
Editora
) - Edição especial
Autores: Taiyo Matsumoto (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 24,00

Número de páginas: 208

Data de lançamento: 2001

Sinopse: Preto e Branco são irmãos, órfãos e sem-teto. Eles vivem nas ruas da Cidade do Tesouro. São os donos da cidade e podem voar.

Todos os temem e querem seu lugar, desde a Yakuza a grupos rivais e cultos religiosos. Preto e Branco têm a liberdade de cruzar as fronteiras internas da cidade e os limites invisíveis que a tornam mágica.

Positivo/Negativo: Taiyo Matsumoto está aí para lembrar que (trocadilhos à parte) o mundo não é tão preto no branco como se pensa. É um autêntico mangaká (autor de quadrinhos japoneses), mas não espere em seu trabalho olhos gigantes ou outras características tão comuns aos mangás.

Aos 20 anos de idade, Taiyo viajou para a França e o contato com trabalhos de autores europeus e norte-americanos como Miguelanxo Prado (e suas figuras distorcidas), Moebius (e sua linha clara e concepção de mundos fantasiosos) e Frank Miller (no uso de claro e escuro e retrato da violência) mudou sua forma de ver e fazer quadrinhos.

Dessa fusão de influências ocidentais com sua origem oriental nasceu um estilo marcante, que faz de Matsumoto um dos principais representantes do quadrinho japonês contemporâneo.

Em Preto & Branco há uma outra influência clara: Peter Pan, de J.M. Barrie. A Cidade do Tesouro não deixa de ser uma versão urbana e caótica da Terra do Nunca, cheirando a sangue e repleta de Capitães Gancho e crocodilos.

Matsumoto carrega sua obra de simbolismos e poesia a cada página. Assim como no clássico de Barrie, os protagonistas voam e isso representa uma liberdade só possível na infância. Preto é amargo, astuto e toma para si todas as responsabilidades, como se já fosse um adulto. Branco é alegre, ingênuo, bem mais atento do que aparenta e tem a honestidade crua como só uma criança é capaz de ter. E ambos são extremamente violentos, mas de formas diferentes.

Preto parece ter sido moldado pelo ambiente em que vive, enquanto Branco simplesmente tem a crueldade nata de uma criança que não tem o discernimento ainda formado. A presença de um corvo anuncia os tempos negros que estão por vir.

Neste primeiro volume, Taiyo retrata como Preto e Branco vivem na Cidade do Tesouro: roubando, agredindo, marcando seu território e ainda encontrando tempo para brincadeiras de criança. O autor começa a arquitetar também o cenário de acontecimentos maiores, apresentando personagens secundários, rixas e a violenta disputa pelo poder na Cidade do Tesouro.

A ingenuidade e a certa onisciência de Branco rendem momentos notáveis. Em um, ele questiona sobre vida e morte e deixa Preto sem palavras. Em outro, sem saber o que está acontecendo, começa a chorar. A Yakuza entregara as orelhas cortadas de um membro de uma gangue rival. Fora declarada a guerra.

Contudo, o grande momento desta primeira parte é de Preto, quando ele se irrita com a Yakuza tentando controlar "sua cidade", numa seqüência de tirar o fôlego.

Corajosamente, a Conrad lançou esse material numa época em que mangá no Brasil era sinônimo de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. A edição faz jus à qualidade do material: bem traduzida e com um preço acessível. Curiosamente, foi publicado no sentido ocidental de leitura, diferente de outros títulos japoneses da editora.

O único defeito fica por conta da capa deste primeiro volume. Em vez de usar a bela arte original, a Conrad utilizou uma ampliação de um quadro da página 63, destoando das outras duas capas da série.

A capa original do primeiro volume mostra Preto com um colar de bananas
de plástico e as mãos ao redor das orelhas, como se estivesse tentando
ouvir melhor. No segundo livro, Branco veste
um colar de caveira e tem as mãos ao redor da boca, como se estivesse
sussurrando algo. Somente no terceiro aparecem
os dois juntos, com as mãos acima dos olhos tentando enxergar algo ao
longe.
Perde-se essa seqüência e não há também a indicação que se trata do primeiro de três volumes. Uma falha da editora.

Classificação:

4,0

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