PRETO E BRANCO # 2
Título: PRETO E BRANCO # 2 (Conrad
Editora) - Edição especial
Autores:Taiyo Matsumoto (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 24,00
Número de páginas: 216
Data de lançamento: 2001
Sinopse: Preto e Branco são irmãos, órfãos e sem-teto. Eles vivem nas ruas da Cidade do Tesouro. São os donos da cidade e podem voar.
Todos os temem e querem seu lugar, desde a Yakuza a grupos rivais e cultos religiosos. Preto e Branco têm a liberdade de cruzar as fronteiras internas da cidade e os limites invisíveis que a tornam mágica.
Preto desafiou a Yakuza e se autoproclamou o dono da cidade. Agora, ele e seu irmão enfrentarão novos e poderosos inimigos.
Positivo/Negativo: Neste segundo volume, a tensão na Cidade do Tesouro aumenta. Novos inimigos rondam Preto e Branco e eles são maiores, desconhecidos e mais perigosos.
Os primeiros são dois delinqüentes, Noite e Dia, expulsos de sua cidade natal à procura de um novo lugar para se fixar. O encontro das duplas é explosivo e, em uma bela passagem, Noite compara Preto a um minotauro: uma fera que não ama e vive para matar e destruir.
As semelhanças entre as duas duplas são tantas que o desfecho não poderia ser diferente.
O segundo e maior perigo é a Serpente, uma seita estrangeira e gananciosa, a mesma que expulsara Noite e Dia de sua cidade natal.
Assim como o imperialismo norte-americano se estabeleceu com McDonald's, Coca-Cola e Hollywood ou o colonialismo europeu com sua catequese, a Serpente tenta se estabelecer com seus Castelos das Crianças. Uma influência externa querendo impor seus valores sobre a Cidade do Tesouro, especialmente sobre os jovens, o futuro do lugar.
Curioso notar os traços chineses na Serpente. As rusgas entre Japão e China são seculares, mas Taiyo não mergulha em um discurso sobre diferenças locais, trata de algo mais universal e atemporal: a perda de identidade local.
O autor usa e abusa de figuras de linguagem para contar sua história. Um dos líderes da Yakuza é apelidado de rato, pois vive no submundo. Preto e Branco são chamados de gatos: livres por natureza e capazes de deixar os ratos acuados. O perigo maior é a Serpente, envenenando a cidade. Preto é um minotauro, pois deseja ser tão forte como um touro e pode conseguir isso da maneira mais terrível. A sede da Serpente (alienígena) possui um disco voador no seu topo. Em um dos momentos mais críticos Branco é gravemente ferido e a cidade chora sua dor: começa a chover.
As seqüências de ação e violência são um show à parte. As figuras distorcidas de Matsumoto e sua narrativa híbrida funcionam magnificamente bem. Há ainda uma grande quantidade de referências e detalhes inusitados (como os gigantes de pedra da ilha de Páscoa, animais, pichações, frases etc.) no desenho para serem apreciados. Tudo pulsa de forma espetacular.
A edição da Conrad é caprichada, tem preço acessível e desta vez
utilizaram a bela capa original, ao contrário do primeiro
álbum. Por se tratar do segundo volume, possui ainda uma breve descrição
dos personagens e dos acontecimentos do anterior, situando o leitor.
A conclusão anuncia uma tragédia maior por vir e atiça a curiosidade do leitor. Seria Preto (o adulto) que protege Branco (a criança) ou justamente o contrário?
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