Confins do Universo 219 - Histórias de Editor # 7: É o Lobo! É o Lobo!
OUÇA
[adrotate group="9"]
Reviews

QUADRINHOFILIA

1 dezembro 2008

Autores: Baile de salão - José Aguiar (texto e arte);

Poréns da vida herdada dos outros - José Aguiar (texto e arte);

Genealogia do mal ou "Eu fui um bebê diabo no ABC Paulista!" - Abs Moraes (texto), José Aguiar (desenhos e cores) e Jairo Rodrigues (arte-final);

Pirata! - José Aguiar (texto e arte);

Entropia - Gian Danton (texto) e José Aguiar (arte);

No fim, tudo é bem simples... - José Aguiar (texto e arte);

Quadrinhos em outras bandas (desenhadas)! - José Aguiar (texto e arte);

Noite... - José Aguiar (texto e arte);

O gabinete do Dr. Caligari - Gian Danton (texto) e José Aguiar (arte);

Absoluto - José Aguiar (texto e arte);

O triste fim de João e Maria - Sabrina Lopes (história original) e José Aguiar (adaptação e arte);

Catarrinho do amor - José Aguiar (texto e arte);

Invasão - Gian Danton (desenhos), José Aguiar (diálogos e arte);

O último milênio meu - José Aguiar (texto e arte).

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Fevereiro de 2008

Sinopse: Antologia de histórias do quadrinhista curitibano José Aguiar.

Positivo/Negativo: Pouco mais de um ano depois de lançar o divertidíssimo álbum Folheteen pela Devir, José Aguiar põe nas livrarias, agora pela HQM, Quadrinhofilia.

Não se trata de um trabalho novo, nem mesmo de uma obra única e consistente como o livro anterior. Pelo contrário: é uma compilação de histórias esparsas, de diversos gêneros, boa parte delas publicadas em revistas, fanzines ou mesmo na internet.

Como toda antologia, Quadrinhofilia tem seus altos e baixos. Ou seja: há histórias ótimas. E outras, naturalmente, nem tanto.

Pirata!, por exemplo, é a trama mais fraca do álbum. Sua piada com o universo dos fumetti é pouco envolvente. Começa como uma experiência narrativa (mas sem o virtuosismo radical de Noite..., para citar outra história), mas acaba sem punch.

Há outras histórias curtas e em preto-e-branco que funcionam muito mais. É o caso da icônica e emblemática Poréns da vida herdada dos outros e da delicadíssima No fim, tudo é bem simples..., que estão entre as melhores da compilação.

Nos trabalhos solos um pouco mais longos, o autor também oscila. Catarrinho do amor tem uma boa arte, reforçada pelos tons amarelados do cartório, mas uma trama cansativa, que careceu de uma pequena edição. Baile de salão é singela, mas acaba comprometida pelo tratamento gráfico - letra e arte por vezes parecem desfocadas.

Há também histórias produzidas em parcerias. Com o colaborador mais freqüente, Gian Danton, Entropia se destaca pela arte belíssima, com inspiração moebiana (de quem Aguiar se confessa fã na história sobre turnê européia). Já a adaptação de O Gabinete do Dr. Caligari narra bem a trama do filme, mas não chega aos pés da plasticidade do clássico expressionismo alemão.

Com Abs Moraes, faz a Genealogia do mal, uma história única em muitos sentidos. A pintura, por exemplo, foi feita sobre uma fotocópia. A trama busca inspiração direta num clássico caso do finado jornal Notícias Populares, mas tem parentesco (talvez indireto) com as tramas de terror urbano brasileiro de Zé do Caixão. É um trabalho que cresce justamente por suas belas imperfeições.

Em compensação, a viagem pela Europa de Quadrinhos em outras bandas (desenhadas)! é o ponto mais alto do álbum. A história é autobiográfica, e Aguiar consegue se impor como um bom protagonista e guia de viagens. Rica em informações, é um pequeno dossiê sobre uma região do globo pródiga em produzir muitos quadrinhos de excelente nível.

A narrativa de viagem também é o trabalho que tem o estilo mais próximo de Folheteen, e que aponta a linha que Aguiar vem seguindo nos últimos tempos. Histórias assim colocam o quadrinhista entre os nomes mais interessantes do mercado brasileiro, um criador cujo trabalho merece atenção do leitor e de todo o sistema editorial - porque não basta a editora publicar se a livraria não expõe e a imprensa não divulga.

A HQM cumpriu a sua parte. Fez um trabalho caprichado. Se há poucos e pequenos problemas de revisão ("Dilan Dog" em vez de "Dylan Dog", por exemplo), o design da edição baseado em desenhos emoldurados sobre papel de parede ficou muito bonito.

Classificação:

4,0

Leia também
[adrotate group="10"]
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA