QUANDO EU CRESCI
Editora: Ática - Edição especial
Autores: Pierre Paquet (roteiro) e Tony Sandoval (desenhos) - Publicado originalmente em Un regard par-dessus l'épaule.
Preço: R$ 35,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Julho de 2011
Sinopse
Pepe é um travesso menino de 11 anos. Um dia, voltando da escola, ele compra bombinhas e as esconde na mochila, para que a mãe não perceba. No caminho até o seu quarto, porém, presencia um estranho fenômeno: a estátua do menino Jesus, em um altarzinho da sala, começa a se mover.
Fascinado pelo que acaba de presenciar, o menino cruza a parede atrás do pequeno ser misterioso, descobrindo um mundo novo e surpreendente, povoado pelas mais estranhas criaturas, que o ajudarão na árdua tarefa de crescer - por bem ou por mal.
Antes de encontrar uma saída, Pepe percorrerá campos floridos, savanas e cidades, em uma viagem fascinante e rica em detalhes. Nesse mundo além da parede, repleto de simbologia, momentos sublimes se alternam com a angústia de um menino assustado, que precisará de muita coragem para enfrentar os seus piores medos. E eles estão a caminho.
Positivo/Negativo
Este álbum marca a estreia do selo Agaquê, pelo qual a Ática, que vem há alguns anos lançando adaptações literárias, publicará graphic novels estrangeiras e nacionais que devem "competir" no mercado hoje disputado por editoras como Quadrinhos na Cia., Leya / Barba Negra e Zarabatana. E esse debut é em grande estilo.
A história do menino Pepe, quando atravessa a parede de sua casa e vai parar em outro mundo, é instigante. A cada novo ser que ele encontra pelo caminho, o leitor sente-se mais curioso para, junto com o garoto, desvendar o mistério que rege a trama.
Mérito do roteirista suíço Pierre Paquet, que não apenas cria diversos "desafios" para Pepe, como conduz cada situação de acordo com o modo de pensar de uma criança de 11 anos - talvez porque, como diz na entrevista exclusiva da edição brasileira, que vem como extra no álbum, a história, apesar de fantasiosa, é autobiográfica.
Quando o leitor percebe, já está "fisgado". E o que, no começo, parecia uma fantasia infantil vai se transformando com o passar das páginas e dos mistérios que vão surgindo. Até que, nas cinco páginas finais, vem a revelação, que obviamente não será descrita nesta resenha, mas equivale a um soco no estômago daqueles de fazer a pessoa perder o ar.
É difícil não se emocionar com o desfecho de Quando eu cresci. E como a tradutora Carol Bensimon escreveu, no texto na orelha do livro, é impossível não terminar a leitura e voltar às páginas para notar as pistas que Paquet foi deixando pelo caminho, em forma de metáforas muito inteligentes.
Tudo isso ganha ainda mais destaque pela arte belíssima do mexicano Tony Sandoval, que mistura aquarelas e pintura digital, com um resultado soberbo. Suas páginas têm sempre uma diagramação arejada, com muitas variações de enquadramentos, o que torna a leitura mais fluida.
E se sua arte parece "fofinha" e indicada para pequenos leitores, vale alertar que há pelo menos uma cena nada recomendável para crianças, por ser bastante violenta. O álbum, enfim, é para um público mais maduro.
O ótimo trabalho da Ática, que ainda conseguiu um preço final bem interessante, faz jus à qualidade da obra, uma das melhores HQs publicadas no Brasil em 2011. Por isso, o título Quando eu cresci não poderia ser mais sugestivo para esta bela estreia nesse nicho do mercado.
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