Quando tem que ser é a primeira obra publicada no Brasil de Patrice Killoffer, francês cofundador, ao lado de quadrinhistas como David B. (Epilético) da editora independente L'Association, responsável por publicações de autores como Marjane Satrapi e Joann Sfar.

O álbum é um prisma camaleônico do autor, notando pelo menos quatro estilos que o desenhista usa para ilustrar charges, revistas ou matérias de importantes jornais, como o Le Monde e o Libération. O cubismo pula para uma arte mais arejada e estilizada de uma história para outra, mostrando um domínio ímpar das técnicas.

Killoffer não tem "papas" na ponta da pena para desnudar seus traumas infantis promovidos pela mãe, os desastrosos relacionamentos amorosos ou as reflexões acerca de seu ego. Além de visceral e bizarro com os temas abordados, o autor também filosofa pelo universal (como a criação do mundo) e perambula por curiosidades cotidianas, como os fatos históricos milenares de locais por onde passou na França.

O quadrinhista coloca excesso de informações textuais em algumas histórias e é extremamente econômico em outras. Mas o que se sobressai, de forma geral, são a metáfora, o tom confessional e seu humor surreal.

A edição da independente Marca de Fantasia faz jus ao próprio conteúdo, com ótima impressão e acabamento. O "senão" fica por conta do letreiramento, que algumas vezes atrapalha a leitura por causa do formato do álbum (14 x 20 cm).