QUE GENTE MÁ!
Autores: Quino (roteiro e arte).
Preço: R$ 34,50
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Junho de 2003
Sinopse: Coletânea de cartuns do argentino Joaquim Salvador Lavado, o Quino, sobre sexo, censura, relações amorosas e familiares, morte, opressão de patrões, diferenças sociais, religião etc. Tudo devidamente "analisado" pelo humor afiado do autor. Publicado na Argentina em 1996, o livro finalmente chega ao Brasil.
Positivo/Negativo: No mundo dos quadrinhos faltam adjetivos para qualificar Quino. Tudo que ele faz, desde a inesquecível Mafalda até seus cartuns e charges, dificilmente fica abaixo de "brilhante".
E Que Gente Má! não poderia fugir à regra. Com um humor que consegue ser, ao mesmo tempo, sutil e mordaz, Quino não poupa ninguém das suas críticas sociais. Família, igreja, negócios, crianças, políticos, professores, avós, santos, pobres, ricos... todos são "vítimas", em algum momento, deste que é um dos maiores artistas gráficos do mundo.
Nas charges e cartuns, Quino alcança algo inusitado. Afinal, é comum que essas formas de humor sejam de leitura rápida. Não que ele não consiga isso, pelo contrário! Poucos artistas do planeta são capazes de sintetizar tanto um tema em tão poucos traços. O "problema" é que, várias vezes, o leitor permanece um tempo a mais em cada página só para admirar o detalhismo que esse mestre dedica a alguns de seus desenhos.
O álbum da Martins Fontes está belíssimo e bem cuidado, mas, como
já foi mencionado pelo jornalista Eduardo Nasi, no review
de Potentes, Prepotentes e Impotentes é imperdoável que não
haja sequer um texto sobre o autor. Ainda mais por haver páginas em branco
no miolo e a quarta capa ser "lisa", sem uma palavra. Se houvesse um mero
"do mesmo criador de Mafalda", com certeza, atrairia mais leitores menos
avisados. Só por isso a edição não ganha nota máxima.
Uma das páginas finais traz uma verdadeira pérola. Quino está pensativo em sua prancheta, quando aparece um guarda da "polícia humorística", dizendo que o trabalho do autor durante o álbum, abordando temas como morte, velhice, injustiça social e autoritarismo, não tinha nada de engraçado.
Em seguida, pergunta se era "só aquilo" que ele havia feito em sua carreira. Quino responde que não, e mostra uma tira da Mafalda para o policial. Resultado: é algemado e levado preso por "não ser divertido"!
Após ler o álbum, como foi mencionado no início da análise, faltam adjetivos para definir Quino. O jeito é chamá-lo "só" de gênio!
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