QUE PRESENTE INAPRESENTÁVEL!
Editora: WMF Martins Fontes - Edição especial
Autor: Quino (roteiro e arte) - Publicado originalmente em ¡Qué presente impresentable!.
Preço: R$ 45,00
Número de páginas: 136
Data de lançamento: Abril de 2010
Sinopse
Coletânea de cartuns e histórias em quadrinhos curtas, geralmente de uma página, do argentino Quino (pseudônimo de Joaquín Salvador Lavado) sobre diversas situações envolvendo presentes um tanto indesejáveis ou inesperados.
Positivo/Negativo
Depois de quase cinco anos sem que nenhuma publicação do brilhante Quino desses as caras por aqui, eis que WMF Martins Fontes lança Humanos nascemos e este Que presente inapresentável!.
É algo a se comemorar, pois o criador da sensacional Mafalda (cujas tiras foram interrompidas em 1973) realmente sabe das coisas, e é sempre bom apreciar o humor ácido com que retrata o mundo à nossa volta. É por isso que não aceita que seus cartuns e HQs sejam chamados de "piadas" - afinal, os temas que ele escancara não têm graça nenhuma!
Neste álbum, o autor compila trabalhos que lidam com a banalização da civilização, o poder do dinheiro, as diferenças sociais, o progresso. E inclui nesse caldo coisas como internet, ladrões, morte, fuga da realidade e até uma empresa chamada fast love, na qual motogirls saem para prestar serviços sexuais aos clientes, como se estivessem entregando pizzas.
Não é tão impactante quanto outros de seus álbuns, mas há passagens brilhantes, como a página 56, toda estrelada por uma boca apenas, na qual Quino que, apesar de quase sempre ser econômico no texto, mostra como é bom também com as palavras. Ou a 80, em que um bebê acha uma nota de dólar no chão e diz: "Isso caca?".
Tudo com um desenho sempre expressivo, que vai da simplicidade dos poucos traços ao detalhamento absurdo com a mesma qualidade.
E para quem se lembra que os outros livros de cartuns e HQs curtas de Quino saíram por aqui pela Martins Fontes, uma explicação: em 2005, com a decisão dos irmãos Alexandre e Evandro Martins Fontes de transformar a editora criada por seu pai (em 1960) em duas, a Martins e WMF Martins Fontes, o catálogo do autor foi dividido entre ambas.
A Martins, de Evandro, ficou com todos os livros de Mafalda, Potentes, prepotentes e impotentes, Que gente má! e Quanta bondade!. E o acervo da WMF, de Alexandre, incorporou Cada um no seu lugar, Deixem-me inventar, Quinoterapia e Sim, amor, além dos dois novos álbuns.
Editorialmente, ponto para a tradução de Eduardo Brandão e para o acabamento gráfico do livro, mas o puxão de orelhas vai, como nos álbuns anteriores, para a falta de uma biografia (pequena que fosse) do autor - ainda mais por haver páginas em branco no miolo. Desta vez, pelo menos, a quarta capa menciona que Quino fazia as tiras de Mafalda.
Este livro foi publicado originalmente em 2004 - é da leva mais atual do autor. Vale conferir, pois Quino é um dos raros autores que nunca é ruim; é apenas "menos bom".
Classificação: