Nesta edição de Ragu (agora sem o acento agudo na última sílaba), os editores João Lin e Christiano Mascaro primaram pela diversidade de autores.

Mas não há dúvida de que a primeira (boa) impressão do leitor é o esmero da encadernação: capa dura, papel de qualidade, boa impressão, 240 páginas. E um preço justo por todo esse material, que foi possível mediante financiamento do governo de Pernambuco, estado natal da revista - mais especificamente, a cidade de Recife.

Ao folhear a edição, o leitor percebe a diversidade de traços, estilos e idiomas. Sim, há mais de uma dezena de histórias produzidas por autores de língua espanhola, além dos brasileiros. Essa diversidade também pode se aplicar à qualidade das narrativas.

Não que os editores tenham optado por materiais ruins pra encher as páginas do álbum, mas a variedade não vai agradar a todos. O leitor se depara com HQs abstratas, experimentos narrativos e de diagramação, tiras, charges, tramas de humor, psicológicas, históricas, suspense e realismo fantástico.

Nesse aspecto, o bom é que, se não gostar de uma história, o leitor pode se interessar pela seguinte.

Merecem destaque (e uma leitura atenta): Future days, de Brais Rodrigues; Monstros, de Caio Gomez; a HQ abstrata sem título de Andrés Sandoval; Mil dólares, de Mascaro; A cela, de Mascaro e Marco Polo; e No começo era o verbo, de Daniel Caballero.

O tijolão que é a Ragu 7 pede uma leitura paciente de seu conteúdo, ao mesmo tempo em que fornece muito ao seu leitor. A seleção dos artistas foi bem feita por Lin e Mascaro, assim como a opção editorial, mesmo sendo uma revista grande e relativamente cara para o mercado independente.

Claro que há as falhas: falta uma pequena apresentação e nome de obras produzidas pelos participantes da edição, a não existência de um site ou e-mail de contato; e a dificuldade da distribuição.

Com uma revista que é difícil de achar e nenhum contato ou endereço, como um potencial leitor consegue comprar a sua edição? Todo o capricho da edição (apesar de alguns erros de revisão) se perde ao não facilitar o caminho para que o álbum chegue às mãos do público.

O que é uma pena, dado o elevado nível do material. Resta torcer pra que surja uma edição 8 mais ao alcance do leitor.