RED RAZORS
Título: RED RAZORS (Rebellion
/ 2000 AD)
- Edição especial
Autores: Red Razors - Mark Millar (texto), Steve Yeowell (arte) e Phillip Lynch (cores);
The hunt for Red Razors - Mark Millar (texto) e Nigel Dobbyn (arte);
Rites of passage - Mark Millar (texto), Nigel Dobbyn (arte) e Dondie Cox (cores).
Preço: 10,99 libras
Número de páginas: 144
Data de lançamento: Outubro de 2004
Sinopse: Em 2176, a extinta União Soviética virou o Sov Block, dividido entre os destroços de East Meg One e a pujante East Meg Two, uma cidade dominada pelos símbolos do capitalismo.
É em East Meg Two que vive o irascível Juiz Razors, a resposta soviética para o Juiz Dredd. Lá também está a KGB, formada por um punhado de velhos defensores do antigo regime, capazes de tudo para reinstaurar o comunismo.
Esta edição reúne três histórias desse universo:
Red Razors - Quatro fãs de Mega City One invadem East Meg Two e roubam o corpo embalsamado de Elvis Presley. A população entra em polvorosa, criando uma oportunidade perfeita para a KGB tomar a cidade.
O Juiz Razors é escalado para salvar o corpo do roqueiro em uma aventura que atravessa os escombros pós-apocalípticos de East Meg One.
The hunt for Red Razors - O Juiz Razors foi apenas um teste. East Meg Two está pronta para criar novos juizes a partir de criminosos e delinqüentes. E o primeiro da lista é Spike, velho mestre de Razors.
E ainda: Razors enfrenta Dredd.
Rites of passage - O retorno do Juiz Razors.
Positivo/Negativo: Uma das séries mais famosas de Mark Millar em sua passagem pela DC Comics é Red Sun (no Brasil, Entre a Foice e o Martelo), um exercício de imaginação sobre o que aconteceria se Superman caísse do outro lado do muro durante a Guerra Fria.
Mas essa não foi a primeira empreitada do roteirista no mundo soviético. Dez anos antes, em 1991, ainda durante a fase britânica de sua carreira na cultuada revista 2000AD, ele já havia criado a versão soviética do Juiz Dredd.
A antologia reúne praticamente toda a curta bibliografia do personagem. Ficam faltando apenas duas histórias pequenas publicadas em edições especiais. Mas a trama que se destaca é a primeira, Red Razors, com arte brilhante do co-criador do personagem, Steve Yeowell (Invisíveis, Sebastian O, Zenith).
Aqui, Millar já se revela um iconoclasta, marca forte de seus trabalhos posteriores para editoras norte-americanas. O autor funciona mais nos extremos, quando destrói sem piedade o que encontra pelo caminho. E a regra não vale só para seus trabalhos mais autorais, como Chosen, mas também para títulos mais convencionais. Em seu arco de Wolverine, o mutante mais selvagem da Marvel perde o controle de si mesmo.
Provocador, retrata o futuro da União Soviética como um antro de apologia ao consumo exacerbado e de louvor às grandes marcas, desde Levi's e Coca-Cola até a rede inglesa Marks & Spencer (que vira Marx & Spencers). É, afinal, em East Meg Two, a grande metrópole do oriente, que o corpo embalsamado de Elvis ainda é cultuado. E, nessa onda, sobra piada até mesmo para o desenho animado Scooby-Doo e para a série Os Waltons.
Red Razors segue as melhores histórias do Juiz Dredd e desenha o mundo como uma grande caricatura, salientando suas mais doentias distorções. É uma grande aventura, sim, com ação e violência insana, mas, como é comum no universo criado na revista inglesa 2000AD, há uma carga de crítica social pesada por trás de cada gota de sangue.
The hunt for Red Razors e Rites of passage contrastam com Red Razors não só pela arte de Dobbyn, mais durona, mas também por uma dose menor de sarcasmo. Não que o humor negro não esteja por lá. Ele está, mas apenas a serviço da ação. Não são histórias ruins, pelo contrário. Só não têm o mesmo apelo da primeira. E o grande destaque fica com o confronto com o Juiz Dredd.
Red Razors continua inédito no Brasil, bem como boa parte do material da 2000AD, e deve continuar assim. Atualmente, nenhuma editora daqui está debruçada sobre o catálogo da casa inglesa.
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