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RIO DE JANEIRO

1 dezembro 2001

Rio de JaneiroTítulo: RIO DE JANEIRO (Casa 21 e Sinapse Projeto Cultural) - Edição especial

Autores: Jano (texto e arte).

Preço: R$ 50,00

Data de lançamento: Novembro de 2001

Sinopse: Em 2000, o francês Jano passou um tempo no Rio de Janeiro, para retratar a cidade em forma de desenhos, para um projeto intitulado Cadernos de Viagem, de autoria da Casa 21 e da Sinapse Projeto Cultural.

O resultado é este álbum, que pode ser encontrado nas melhores livrarias e comic shops do Brasil.

Positivo/Negativo: Negativo é um termo que não aparecerá neste review. Pra começar, a idéia de convidar feras do traço estrangeiro para retratar cidades brasileiras foi genial. Agora, depois de ver o resultado final do primeiro álbum, os idealizadores do projeto merecem todos os elogios possíveis.

Jano pintou (com cores maravilhosas) o Rio de Janeiro de uma maneira tão incrível, que conseguiu ser fiel à cidade e ao seu estilo. Como? Simples. Os habitantes foram desenhados como animais humanizados, ou seja, como o autor sempre retrata seus personagens.

Assim, Jano fez verdadeiros cartões postais de pontos como o calçadão de Copacabana, o Maracanã, o Pão de Açúcar, Ipanema, a Cinelândia, a favela do Vidigal, o Maracanã, os Arcos da Lapa e outros, sempre com "pessoas" com rostos de felinos, répteis, ratos ou aves. Em uma palavra: incrível!

O francês retratou tudo com uma minúcia assustadora, chegando ao cúmulo de desenhar separadamente as pedras que compõem o calçadão de Copacabana ou a sujeira que desce dos morros nas favelas.

Em meio aos desenhos, ele presta algumas homenagens a pessoas que quer bem, como o desenhista e editor da Mad, Ota (Otacílio D’Assunção Barros), na imagem do centro da cidade; e a Roberto Ribeiro (o Robertinho), da Casa 21, no postal sobre o Catete.

É gratificante ver um estrangeiro captar tantos detalhes de uma cidade brasileira (algo raro nos quadrinhos). Nem mesmo termos "da moda" escaparam, pois até as "popozudas" foram lembradas, no que Jano chamou de "culto nacional".

O álbum foi impresso com uma qualidade gráfica invejável: capa dura e papel de luxo e folhas plásticas para separar as capas das páginas. O único senão da edição fica por um descuido no texto de Paulo Caruso, no prefácio, onde duas crias de Angeli saíram foram grafadas erradamente: "Rebordosa" (a personagem é Rê Bordosa; rebordosa refere-se a alarido, gritaria, conflito, confusão) e "escrotinhos" (o "E" deveria ser maiúsculo).

Mas nada que desmereça o trabalho impecável desta estréia dos Cadernos de Viagem, que já causam ansiedade para as versões de Miguelanxo Prado para Belo Horizonte e, quem sabe, de mestre Will Eisner para São Paulo.

Afinal, mais do que retratar com fidelidade a arquitetura do Rio de Janeiro, Jano parece ter conseguido captar a "alma" da Cidade Maravilhosa.

Classificação:

4,0

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