RONIN SOUL # 1
Título: RONIN SOUL # 1 (Nomad) - Graphic novel
bimestral
Autores: Fabrício Velasco (roteiro), Rod Pereira (arte e cores)
e Salvatore Aiala (cores e cenários).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 28
Data de lançamento: Junho de 2005
Sinopse: No Japão Feudal do século XI, a busca pelo templo de Ten Ganseki é a grande meta de todos os clãs.
O local lendário, no qual haveria a chave para a origem da vida, foi finalmente descoberto em 1204 d.C. pelos clãs do feudo de Iga. Eles protegeram o segredo por mais de três séculos, até que, em 1581, o Daimyo e autoproclamado Xogum Oda Nobunaga cercou o castelo de Iga.
Seria uma das batalhas mais sangrentas da história do Japão. Nela, a linha de defesa do feudo atacado era formada por quatro Hattori, guerreiros leais ao Jonin local, Sandayo Momochi. Seus nomes: Shinkuro, Hanzo, Naizo e Denemon.
No entanto, apesar de encarregados da segurança do castelo, seus destinos mudam quando as forças inimigas invadem o local. Sandayo os designa para proteger a esfera de Ten Ganseki. E, a partir daí, o compromisso de lealdade dos guerreiros toma outra dimensão, muito maior que suas vidas. Todas elas.
Positivo/Negativo: Ronin Soul impressiona de muitos modos. A primeira coisa que se nota, logo de cara, é a arte substancial de Rod Pereira, que, apoiada no belíssimo trabalho de colorização realizado por ele, Aiala e pela assistente Ana Carolina, faz com que este primeiro capítulo da graphic novel se destaque com folgas do que vem sendo publicado atualmente por aqui.
O roteiro é evidentemente bem pesquisado. Foi um acerto escolher como vilão o militarista Oda Nobunaga, que morreu meses depois do ataque relatado em Ronin Soul.
Na verdade, as incursões militares de Oda lhe renderam poder e fama. No entanto, como era comum nos governos orientais à época, foi derrubado e morto num golpe de estado comandado por forças teoricamente leais a ele.
A graphic novel se aproveita muito bem desta história de lutas e quase vilania de seu principal antagonista, bem como do lendário Hanzo Hattori - forma consagrada da grafia ocidental de seu nome, uma pequena falha da edição, que não compromete de modo algum seu conteúdo.
Hanzo, aliás, é homenageado até hoje no Japão. Existe em Tóquio, inclusive, uma estação de metrô com seu nome. O guerreiro também é lembrado em Kill Bill 2, de Quentin Tarantino: na película, ele é o fabricante de espadas que fornece a arma utilizada pela Noiva.
Considerado um mito nipônico, ele é um grande arquétipo para o protagonista da história. Ainda mais que, pouco antes da morte de Oda, em fins de 1581, herói e vilão da graphic novel se encontraram em batalha, no feudo de Iga. Eis o ponto central da trama, escolhido a dedo e de forma arguta pelos criadores.
Quanto aos outros Hattori (Shinkuro, Naizo e Denemon), eles também lutaram esta batalha ao lado de Hanzo. A reconstituição histórica, entretanto, é entremeada pela lenda de Ten Ganseki, criada pelos autores e que, claro, dá o impulso inicial para esta trama de origem. Pois a ação principal ocorrerá, na verdade, muito tempo depois, no futuro.
As notas de rodapé explicativas sobre os termos hierárquicos do Japão feudal e a reconstituição histórica, procurando respeitar armaduras, armamentos e heráldica, também merecem crédito.
Já o trabalho de letreiramento, apesar de competente, peca um pouco pela escolha de fontes de texto pouco dinâmicas, ainda que adequadas; e pelas caixas de texto econômicas, que dificultam um pouco a leitura. O que já não ocorre com as onomatopéias.
No meio da avalanche de mangás e manhwas, uma história oriental contada em outros moldes se destacaria naturalmente nas bancas. Com distribuição nacional e qualidade gráfica excelente, melhor ainda.
Ronin Soul é um dos grandes lançamentos do mês. Ainda mais se colocarmos na balança que a editora Nomad (na verdade, um nome fantasia para a Magister, especializada em informática) é estreante no mercado. Um senhor pé direito.
Classificação: