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Royal City – Volume 1 – Next of Kin

20 dezembro 2019

Royal City – Volume 1 – Next of KinEditora: Image – Edição especial

Autor: Jeff Lemire (roteiro e arte) – Publicada originalmente em Royal City # 1 a # 5.

Preço: US$ 9,99

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Outubro de 2017

Sinopse

Patrick Pike é um escritor incapaz de recriar o sucesso de seu primeiro livro, e é obrigado a voltar a Royal City, sua cidade natal, após seu pai sofrer um derrame.

De volta à casa onde cresceu, ele precisa lidar com os dramas de seus irmãos e a atitude controladora de sua mãe, enquanto o pai está entre a vida e a morte.

Cada membro da família é assombrado por uma versão diferente do filho mais novo, Tommy, que morreu ainda jovem.

Positivo/Negativo

Dizer que Jeff Lemire é um dos escritores mais prolíficos do mercado de quadrinhos atual já é um clichê. Em pouco mais de dez anos, desde a publicação de Condado de Essex, pela Top Shelf, o autor canadense trabalhou com os heróis da Marvel, DC e Valiant, lançou graphic novels (Nada a Perder, O Soldador Subaquático), séries autorais pela Image (Sweet Tooth e Descender) e, recentemente, criou seu próprio universo de heróis com a série Black Hammer para a Dark Horse.

Seja em seus trabalhos nas grandes editoras ou em projeto pessoais, um elemento que está sempre presente, em maior ou menor escala, são os dramas familiares e o foco no desenvolvimento dos personagens. Esses conflitos, extremamente pessoais, foram a espinha dorsal de Condado de Essex, seu primeiro grande trabalho.

Em Royal City, o autor volta a colocar esses dramas no centro de uma história, examinando as vidas solitárias e os sonhos perdidos de cada membro da família Pike.

Next of Kin reúne as cinco primeiras edições da série e já disseca muito das personalidades e dinâmicas dos cincos membros da família.

Cada um deles é bem explorado e construído, até mesmo o pai, mas seus dramas, embora despertem empatia do leitor, não deixam de ser típicos de histórias de famílias disfuncionais.

Peter e Patti, os pais, são um casal que está junto há décadas. Ele está cansado pela idade e pelo comportamento controlador de sua esposa. Ela tenta compensar uma culpa que pesa em sua consciência. Patrick, o filho escritor, lida com um casamento que está de desfazendo e a frustração de não emplacar um novo romance de sucesso. Tara, a única filha, é uma corretora que está contando os dias para fechar um grande contrato, mas está cada vez mais distante do marido. Por último, há Richie, o tradicional filho problema da família, que passa a maior parte do tempo bêbado.

Esses personagens estão presos a um evento que aconteceu há mais de 20 anos e levou à morte do irmão e filho mais novo, Tommy. O leitor não chega a conhecer as circunstâncias de sua morte, o que se vê é apenas o impacto que isso causou na família e como cada um deles ficou preso a essa tragédia, incapaz de realmente seguir com sua vida.

Essa sombra do passado familiar se manifesta, literalmente, como a presença de Tommy. Mas para cada um ele assume uma forma diferente. Para Patrick, ele é o jovem angustiado que já mostrava um talento com as palavras. Para Tara, é o filho que ela nunca chegou a ter. Para Richie, seu melhor amigo, e para Patti, ele era um santo que nunca fez nada de errado.

Cada versão representa o crescimento interrompido dos personagens, revelando mais sobre si próprios do que sobre o sexto membro da família.

Assim como em Condado de Essex, o ambiente tem um papel importante nos dramas dos personagens. Tal como a família Pike, a cidade que dá nome à série já passou por dias melhores e está estagnada, incapaz de assumir o controle do seu futuro.

A subtrama da fábrica, que afeta principalmente Tara, é uma das mais interessantes, principalmente pelo seu timing atual, em que muitas cidades cuja economia sempre girou ao redor de uma empresa, precisam confrontar essa dependência quando ela já está em decadência.

Royal City conta muito da sua história por meio da atmosfera criada pela arte de Lemire. O autor tem um estilo particular, que desperta amor e ódio nas mesmas proporções. Quem não gosta dificilmente mudará de opinião, mas o traço esboçado e as cores lavadas deixam os personagens com aparência de cansados e desgastados pelo tempo, o que se encaixa no clima da trama.

A edição traz esboços de Lemire para a série, incluindo alguns que mostram uma versão mais fantasmagórica de Tommy, bem diferente da final. A escolha pelo visual mais realista foi certeira, pois contribui para a construção da atmosfera de realismo fantástico da trama.

Royal City é uma volta de Jeff Lemire aos dramas familiares que lançaram sua carreira. A trama lida com a necessidade de confrontar seu passado de forma honesta e emocionante, sem ser um melodrama.

Classificação:

3,5

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