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Sandman - Despertar

15 agosto 2008

Sandman - DespertarEditora: Conrad Editora - Edição especial

Autores: Neil Gaiman, William Shakespeare (roteiro), Michael Zulli, Jon J. Muth, Charles Vess (arte) e Dave McKean (capas).

Preço: R$ 69,90

Número de páginas: 200

Data de lançamento: Julho de 2008

Sinopse

Sonhadores de toda a existência prestam suas últimas homenagens a Morpheus.

Enquanto isso, Daniel começa a realizar suas obrigações como novo senhor do Sonhar.

Positivo/Negativo

Despertar é um nome interessante para o último encadernado da premiada série de Neil Gaiman.

À primeira vista, representa o despertar de Daniel para a sua nova condição de senhor do Sonhar, mas, ao se aprofundar um pouco mais nas entrelinhas, se vê uma metáfora para o despertar do leitor, que após anos sonhando com aventuras delirantes e majestosas será obrigado a acordar para a cinzenta realidade do dia-a-dia.

Por outro lado, em uma delirante ligação entre pontos dispersos, pode-se enxergar que Morpheus não tenha morrido da maneira habitual que se compreende como morte, mas sim adormecido entre os homens. Depois de eras em constante vigília, talvez o que se encontre no final de sua jornada seja o direito a um sonho que desde sempre lhe foi negado.

As histórias em Sandman significam para cada um que as leu algo específico que pode ser dividido com outras pessoas somente até certo ponto. Assim como ocorre com nossos sonhos.

Após os trágicos eventos narrados em Entes Queridos, chegou a hora da despedida de Morpheus.

Tanto nos preparativos quanto no funeral, o mais intrigante são os depoimentos de suas amantes, de seus amigos e de sua família.

O Sonho que eles descrevem não parece o mesmo que o leitor acompanhou durante anos. Seus atos e gestos que justificariam tais sentimentos não causaram a mesma impressão. E é exatamente este o ponto mais bacana de Despertar.

A riqueza dos detalhes e o sentimento de cada testemunho apresentam visões distintas do relacionamento de cada um dos presentes com o Lorde Moldador. Suas lembranças em relação ao falecido são, na sua maioria, afetuosas e os momentos que dividiram, de uma importância tremenda.

Já na outra ponta da trama está Daniel, que começa a conhecer um pouco mais de seu reino e das criaturas a seu serviço. Bem diferente de seu antecessor, ele recebe uma inesperada visita que lhe dá mais confiança para o que virá a seguir.

Nas tramas que fecham a edição, Gaiman constrói três contos fechados que mostram, respectivamente, o destino de Robert Gadling, uma parábola que conta com a presença de Morpheus e Daniel e a quitação da dívida de William Shakespeare.

Há uma sensação estranha ao concluir a leitura de Sandman. A de achar que Gaiman escondeu nessas últimas histórias pistas que possam revelar certos segredos ou mesmo aumentar o entendimento da série como um todo.

É difícil não pensar nisto ao ler a penúltima história, Exilados, mas na seqüência vem A Tempestade e quando o pouco que precisava ser conhecido é dito por Morpheus a Shakespeare, o leitor tem a certeza de que se há algo escondido em algum trecho, não faz a mínima diferença.

Quando Neil Gaiman começou a escrever Sandman, há cerca de 20 anos, provavelmente não imaginava o quão longe a obra chegaria.

Ao longo de suas 75 edições, o título e os artistas nele envolvidos foram agraciados com 14 Eisner Awards. Dentre estes os mais destacados são o de melhor série contínua entre 1991 e 1993 e o de melhor roteirista para Gaiman de 1991 a 1994.

Entre tantas premiações, sem dúvida, a mais importante foi o World Fantasy Award porSonho de Uma Noite de Verão. A magnífica história inspirada na peça homônima de William Shakespeare, que faz parte do álbum Terra dos Sonhos, foi a primeira e única HQ a ser agraciada com este prêmio de literatura.

Tudo isso não é por mero acaso e também não valeria muito se não viesse junto com o reconhecimento dos leitores, que continuam a se maravilhar com as histórias desses tais Perpétuos.

Despertar traz os números # 70 a # 75 da revista mensal do Mestre dos Sonhos e é o último encadernado de um total de dez lançados pela Conrad.

Desde o primeiro, Prelúdios e Noturnos, o apuro gráfico e o cuidado editorial foram uma constante que fizeram da série um dos melhores trabalhos editoriais dos últimos anos no Brasil.

Classificação

5,0

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