Confins do Universo 219 - Histórias de Editor # 7: É o Lobo! É o Lobo!
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SANDMAN – PRELÚDIOS E NOTURNOS # 1

1 dezembro 2008


Autores: Neil Gaiman (roteiro), Sam Kieth, Mike Dringenberg (arte) e Dave McKean (capas).

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Outubro de 2008

Sinopse: Em 1916, Roderick Burgess, um ocultista inglês, pretendia capturar a própria morte e, assim, ter o controle sobre o poder vital. Ele e seu culto fizeram o ritual necessário para isso, mas algo dá errado e outro ser tão poderoso quanto a morte é pego pela magia.

Depois daquela noite, por 70 anos, Morpheus ficou prisioneiro do culto de Burguess. Sem falar uma palavra, a entidade viu seu captor morrer, o filho dele assumir o comando da organização e pacientemente esperou o momento em que alguém cometeria um erro que permitiria sua fuga.

Nesse período, eventos estranhos ocorreram por todo o mundo: o surto de algumas disfunções ligadas ao sono, o aparecimento de um herói chamado Sandman (Wesley Dodds) e a sociedade passando por épocas de turbulência, guerras e incertezas.

Quando Morpheus finalmente escapa, o mundo começa a despertar. Mas ele ainda está muito fraco para assumir seu posto como Rei dos Sonhos. Ao voltar para o Sonhar, encontra seu reino destruído e parte em busca das ferramentas que lhe foram roubadas para restabelecer seu poder.

Positivo/Negativo: Falar sobre Sandman é sempre um pouco amedrontador. Na verdade, até ler a série pode o ser. Não porque o título é erradamente classificado como do gênero terror, mas por todo o mito construído em torno do personagem e das histórias escritas por Neil Gaiman.

Se Prelúdios & Noturnos # 1 for a sua primeira leitura do personagem,
há o risco de dizer que já leu coisas melhores. E, provavelmente, quem
acompanhou quadrinhos nos últimos 15 anos e, por algum motivo não se interessou
por Sandman, não vai se impressionar tanto. O próprio Gaiman tem
algumas HQs superiores ao início de arco mostrado neste álbum.

A grande questão é: por que, então, tanto se insiste com Sandman? Por que publicar a série em um novo formato? Afinal, é a quinta vez que esta história sai no Brasil.

Há duas respostas simples.

Uma é que foi com Sandman, Monstro do Pântano e outros materiais da época que as histórias de super-heróis da DC começaram a mudar e, com isso, ditar novos padrões estéticos para os quadrinhos americanos e conseqüentemente respingando em todo o mundo.

Muitos autores depois usaram as idéias que Gaiman criou, passaram a seguir as fórmulas narrativas dele, não necessariamente com a mesma elegância e com igual quantidade de referências.

Afinal, Gaiman criou padrões de como contar histórias de magia, fantasia, terror e ainda inserir tudo isso em um universo de super-heróis (vale lembrar que quando Sandman começou o Selo Vertigo não existia e tudo fazia parte da cronologia oficial do Universo DC).

A outra resposta é uma decorrência quase lógica disso tudo. Essas histórias foram tão importantes e tão copiadas, porque são muito legais. E, ainda hoje, mesmo sem o impacto da novidade, da revolução, da quebra de paradigma da época, ainda se sustentam por serem boas.

Algo muito interessante que marca este primeiro álbum é o conceito de magia estabelecido por Gaiman. Como a prisão de Sandman e sua conseqüente fuga. A idéia do círculo que o aprisiona ser apagado pelo rastro da cadeira de rodas de Burgess Jr. e depois Sandman roubar um punhado de areia de um breve sonho de um dos guardas. As perguntas e respostas indefinidas das três bruxas em uma. E, no final da edição, o duelo quase filosófico com um demônio.

É uma série de pequenos detalhes que criam uma narrativa encantadora e vai prendendo o leitor nesse misticismo aparentemente, lógico, real, palpável e, ainda assim, fantástico.

É interessante que a trama quase não tem ação, mas o ritmo da narrativa é muito fluido. O que colabora muito nesse sentido são os quadros sempre mudando de formato. As páginas não seguem padrão algum e se transformam constantemente, imprimindo uma velocidade diferente na leitura de cada seqüência.

Apesar do grande trabalho do design das páginas, o desenho si deixa um pouco a desejar. Mesmo com a proposta "punk", sombria, o traço é muitas vezes sobrecarregado de elementos. É engraçado ler toda a preocupação artística que Dave McKean teve com cada pequeno detalhe das capas e ver o miolo quase "mais do mesmo".

Sobre a edição da Pixel, foi uma boa idéia dividir os arcos em dois álbuns, com preços razoáveis e muitos extras. O acabamento está ótimo, capa com orelha e reserva de verniz, como um título desse porte merece. E a nova colorização tirada da versão americana Sandman Absolute fez uma diferença significativa no visual.

Os extras contam com as fundamentais notas, obrigatórias nos trabalhos de Gaiman. Ele enche seus textos de referências e, especificamente no caso de Sandman - que tem uma questão do distanciamento com a época em que foi publicado -, é mais do que necessário explicar várias citações para o leitor.

Há ainda um longo texto de Gaiman com a proposta para Sandman, os personagens e as primeiras histórias. É interessante notar que algumas coisas mudaram até a HQ ser publicada, provavelmente por exigência da editora para que ele se adaptasse à cronologia da DC, como na história que Sandman vai ao inferno recuperar seu elmo. Nesse caso, o roteirista precisou inserir a referência ao Triunvirato que estava governando o local na época.

Aliás, esse texto, apesar de ser só um esboço sobre a história, conta coisas de Prelúdios & Noturnos # 2, inclusive o final de algumas coisas. Tudo bem, é uma republicação e esse tipo de informação pode ser facilmente encontrada na internet, mas, como revela fatos importantes sobre a próxima edição, o editor poderia ter colocado o artigo no segundo volume ou, pelo menos, avisado para o leitor sobre a presença de um spoiler.

Fora isso, merece um elogio a idéia de, entre os capítulos, colocar as capas originais e, no verso delas, algumas informações sobre sua elaboração, que foram extraídas do livro Capas na Areia, dedicado às belas artes que Dave McKean criou para cada edição do título.

Classificação:

4,0

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