SCARLET # 2
Editora: Icon/Marvel Comics - Revista bimestral
Autores: Brian Michael Bendis (roteiros) e Alex Maleev (arte).
Preço: US$ 3,95
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Setembro de 2010
Sinopse
Scarlet explica a leitor como deixou de ser apenas mais uma vítima a se transformou numa espécie de vingadora.
Conta ainda de sua recuperação depois do incidente e passa a vigiar os policiais Dunes e Guzman, os envolvidos na morte de seu namorado.
Ela descobre que Gary Dunes se tornou um detetive. Mas nova posição no departamento de polícia não evitará que consiga escapar de Scarlet.
Positivo/Negativo
Bendis e Maleev continuam em grande forma. A dupla continua fazendo o leitor de cúmplice (como foi explicado em Scarlet # 1). Na primeira página, a "heroína" faz um agradecimento literal ao fato de você ter retornado. Um diálogo com duplo sentido, pois ela não se refere apenas à continuação de sua história.
Scarlet é uma revista autoral e o retorno, nesse caso, significa que o leitor comprou a revista, uma necessidade importante para um título do selo Icon.
O recurso do diálogo direto com o leitor usado como ferramenta narrativa continua a ser empregado com sucesso. Scarlet explica que, embora tenha lhe falado de seu passado e de seu futuro, não explicou sua transformação e nem seus planos.
E esses são os temas desta edição: a transformação de Scarlet de garota ingênua a justiceira cínica; e a necessidade que tem de mudar o mundo ao seu redor. Não se trata apenas de realizar sua vingança, embora este sentimento seja um impulso poderoso e importante nas suas motivações.
Ao término da revista, fica claro que tanto Bendis quanto Scarlet desejam algo mais do que a morte de Gary Dunes.
As experimentações narrativas continuam a ser empregadas por Bendis e Maleev. Um dos destaques é uma sequência de página dupla com 12 quadros, na qual a imagem de Scarlet é praticamente a mesma. Mas, enquanto a personagem conversa com o leitor, ela vai mudando.
No primeiro quadro, está com a cabeça raspada se recuperando de seus ferimentos (Scarlet tomou um tiro na cabeça na edição de estreia). No último, está recuperada, pronta para buscar resposta para as centenas de perguntas que ecoam em seu cérebro sobre a morte de seu namorado, Gabriel.
É uma sequência simples e sutil, mas de grande impacto, que remete ao trabalho de repetição de imagens de Andy Warhol.
E, embora o diálogo seja uma das características do trabalho de Bendis, ele também sabe como usar o silêncio. E faz isso com precisão em diversas páginas.
Maleev demonstra sua técnica numa página dupla, com seis quadros (todos muito parecidos), na qual o que muda é a imagem no espelho retrovisor do carro de Scarlet. São seis semanas que a protagonista seguiu e vigiou Gary Dunes.
O confronto dela com Dunes é marcado pela necessidade de os autores racionalizarem seus atos tanto para a própria Scarlet, quanto para o leitor. Depois de "fazer o serviço", ela novamente se volta para fora da página e diz que a parte da vingança terminou e que o próximo passo é a revolução.
No espaço reservado para a seção de cartas, Bendis usou uma entrevista que fez com o escritor e diretor de cinema e teatro, David Mamet, uma influência óbvia no seu trabalho.
Mamet está sempre preocupado com a narrativa, a melhor maneira de avançar com a história, com os diálogos e com a passagem do tempo.
Scarlet # 2 tem capas de Maleev, Michael Avon Oeming e David Mack.
A série continua surpreendendo. Até agora, é um dos raros oásis espalhados no meio de um enorme deserto de mediocridade no mercado norte-americano.
Classificação: