SENNINHA # 5
Autores: Kaled Kalil Kanbour (texto), Anderson Nunes, Dong Han Yi (desenhos), Marcos Minoru Uesono (arte-final) e Marcelo Conquista (cores).
Preço: R$ 2,90
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Agosto de 2008
Sinopse: Uma corrida de outro mundo - Senninha e Neco encontram um alienígena fanático por corridas.
Paradinho no lugar - Marcha Lenta dá uma parada para descansar.
Vontade de ir ao banheiro - O cachorro Becão quer defecar, mas tem vergonha de fazer em público. E seu dono, Senninha, que se vire...
Fonte de inspiração - Gabi quebra a cabeça para criar novas bijuterias.
Cabelos rebeldes - Johnny perde seu pente e tem que se virar com um novo penteado.
Positivo/Negativo: Haja dificuldade para fazer uma revista do Senninha!
Os problemas não se limitam ao mercado. Mas começam lá: é uma zona penosa das bancas, em que mesmo casas editoriais potentes penam até com personagens bastante populares.
Há também o fato de se estar no país que tem como referência um petardo como Mauricio de Sousa e que tem uma vasta tradição dos quadrinhos de Walt Disney.
E, para fechar, há o próprio inspirador do personagem, Ayrton Senna, um corredor que virou um dos maiores mitos que este país já produzir. À primeira vista, claro, Senna é um portento que impulsionaria as vendas da revista. Mas essa é uma visão turva, que ignora as dificuldades de se criar um produto em cima de um esportista que, morto no auge, é tido como mártir, como modelo, como herói.
Com o peso de Senna nos ombros, Senninha não tem espaço para ser feio, malcriado, violento. Acaba sobrando para ele o papel de politicamente correto, de menino virtuoso. É o que se vê na primeira história, a mais longa da revista. A lição a Braço Duro, o algoz, cabe ao alienígena. Ao mocinho, fica o papel de conciliador.
Com pouca margem de manobra, o personagem tem dificuldade para ser carismático por si só. Sua vitalidade depende do piloto-herói - e isso é um papel ingrato demais para o protagonista, que tem que carregar nas costas uma revista.
Nesta edição, a equipe editorial encontrou uma saída para esquentar o título: limitar o papel de Senninha. Na segunda metade da revista, o piloto-menino vira coadjuvante.
Com o holofote apontado, os outros personagens crescem e começam a mostrar suas características. Johnny é vaidoso, Gabi, criativa, e por aí vai... A sensação que fica é que a turma do Senninha ainda pode ser mais trabalhada para ganhar contornos psicológicos mais ricos.
Mas, de qualquer forma, o foco nos coadjuvantes já consegue dar mais corpo para as tramas. Um dos exemplos, não por acaso o destaque da revista, é a história em que Becão quer defecar, em que o tom surreal funciona muito bem.
De resto, há alguns problemas pontuais, como a piada clichê que encerra Paradinho no lugar. Mesmo que seja voltada para crianças, a revista poderia buscar soluções mais elaboradas.
Apesar de todas as dificuldades, esta quinta edição de Senninha tem seus méritos e chega a um bom resultado. A própria capa simboliza isso: tem um ângulo ousado para uma revista infantil, com cores interessantes.
Claro: não há receita para vingar no mercado infantil, até mesmo porque crianças são muito regidas por um imprevisível inconsciente. De repente, você vira para o lado e depara com criaturas tão díspares quanto como Muppets, Backyardigans, Barbie, High School Musical, Homem-Aranha, Pooh, Pokémon... Fica difícil apontar um único caminho de sucesso ou a causa de um fracasso.
No entanto, olhando daqui do mundo adulto, em que a ficção e as HQs são mais afeitas a regras, não restam dúvidas de que o título ainda precisa um pouco mais de maturação. Mas o caminho parece mesmo ser esse aí.
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