Em 1991, os amigos Rogério Martins e Ridaut Dias Jr., fãs de Ayrton Senna, criaram em homenagem ao piloto o personagem Senninha.

Mas somente no início de 1994 a versão infantil de Senna chegou aos gibis, estrelando um título próprio publicado pela Editora Abril até 1999, quando seguiu para a Brainstore, sendo cancelado no mesmo ano.

Em 2008, a HQM Editora trouxe de volta o personagem, que surgiu para uma nova geração de leitores mirins - além de reanimar o público veterano saudosista.

Na esteira desse retorno, no entanto, vieram à tona algumas revelações.

De acordo com uma reportagem publicada em novembro de 2010, no jornal Folha de S.Paulo, os criadores de Senninha estão há anos em disputa judicial com o Instituto Ayrton Senna.

Eles afirmam jamais ter recebido um tostão de royalties sobre tudo o que foi produzido com a estampa do personagem, incluindo os gibis.

Ayrton Senna teria bancado o Senninha no início e feito um acordo verbal com seus criadores. Após a morte do piloto, em 1994, Martins e Dias Jr. ficaram sem garantias.

"Um novo contrato teria comprometido o recebimento dos royalties para assegurar apenas o pagamento de um 'salário' pela mão de obra dos gibis", anotou o jornal.

A versão atual do gibi estampa na capa e em toda abertura de história os créditos de criação de personagem, com fontes maiúsculas.

E agora Senninha foi o escolhido para estrelar a primeira edição desta Série Infanto-Juvenil HQM, que a cada número apresenta diferentes galerias de personagens.

A cartada foi certeira, para dar visibilidade a um título novo - em tamanho maior que o tradicional formatinho e páginas com papel especial - que precisa se firmar nas bancas.

Um desperdício de plano, história de abertura da revista, é a melhor da edição.

A HQ é uma sátira ao universo de Batman, na qual Bat-Senninha, o pilotinho-morcego, vive em Quatro Rodinhas City e enfrenta o vilão Braço Duringa, que destrói todas as torneiras da cidade para que as pessoas fiquem sem água.

Com piadas infames, humor nonsense, diagramação dinâmica dos quadros e cenas desenhadas em ângulos arrojados, a aventura é daquelas que agradam a todos os públicos.

As histórias seguintes, se não empolgam, ao menos servem para passar o tempo com uma leitura descompromissada, antes de dormir.

A bola fora fica mesmo por conta dos erros de português.

Desde "porque" - em vez de "por que" - iniciando uma pergunta, à grafia "bóia" (que deveria ser "boia", de acordo com as novas regras ortográficas), passando por algumas vírgulas mal colocadas, os deslizes gramaticais se repetem pelas páginas.

Mas, ainda assim, Série Infanto-Juvenil HQM passou no teste de estreia.