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SETE SOLDADOS DA VITÓRIA # 3

1 dezembro 2007


Título: SETE SOLDADOS DA VITÓRIA # 3 (Panini
Comics
) - Minissérie em 8 edições

Autores: Um livro no começo - Grant Morrison (texto), Ryan Sook (desenhos), Mick Gary (arte-final);

Badde - Grant Morrison (texto), Frazer Irving (arte);

O retorno do Cavaleiro Perfeito - Grant Morrison (texto), Simone Bianchi (arte);

Cerco ao vazio do século - Grant Morrison (texto), Cameron Stewart (arte).

Preço: R$ 6,90

Número de Páginas: 96

Data de lançamento: Junho de 2007

Sinopse: Um livro no começo - Zatanna e sua nova aprendiz são perseguidas por Gwydion, o demônio, até a loja de artefatos mágicos de Cassandra Craft, onde a feiticeira sem poderes se arma para uma grande batalha.

Badde - Klarion, o Menino-Bruxo, consegue escapar de Horigal com a ajuda de Ebeneezer Badde, que vai conduzir o garoto pelos túneis sob Nova York e apresentar a ele seus habitantes.

O retorno do Cavaleiro Perfeito - O Cavaleiro Andante conhece Helen Helligan, uma especialista em meta-humanos do FBI, e a Dra. Glória Friday, especialista em antiguidades. Mas uma delas não é exatamente quem diz ser.

Cerco ao vazio do século - A relação de Jake com Carla escorre ralo abaixo enquanto o Guardião precisa salvar um grupo de turistas que estavam no parque científico Vazio do Século quando robôs se rebelaram.

Positivo/Negativo: Sete Soldados da Vitória é uma série composta por sete séries, cada uma protagonizada por um personagem diferente, com um artista próprio, publicados em uma ordem cronológica pouco usual (tanto na DC quanto aqui no Brasil). No começo e no final, duas histórias especiais juntam os pontos.

A idéia é que os novos Sete Soldados da Vitória cumpram sua missão sem nunca se encontrar. Cada um protagoniza seu próprio arco de quatro partes e some. Mas, ao final, um inimigo maior terá sido derrotado.

Mas Sete Soldados da Vitória também é mais do que isso. Trata-se de uma narrativa mais complexa do que um punhado de revistas em quadrinhos armados de um jeito bacana.

A série é uma experiência de inteligência coletiva, que exige a união de leitores para discutir e decifrar o que está acontecendo. O debate pode rolar em qualquer lugar, mas é potencializado pela internet.

O conceito não é novo. Vem, pelo menos, desde a série Twin Peaks, do diretor David Lynch, que, na aurora da internet, uniu 20 mil fãs em um fórum para decifrar quem matou Laura Palmer.

Recentemente, vários programas de TV motivam fenômenos do gênero, desde Lost até o Survivor norte-americano (em que, segundo relato de Henry Jenkins em seu livro Convergence Culture, fãs contam com o apoio de uma empresa de satélites para descobrir antecipadamente pistas de quem é o vencedor da temporada).

A essas alturas, Sete Soldados da Vitória já rende um caldo para debates. Há muitas pistas espalhadas, é evidente que uma grande trama interligando tudo se formou e há personagens que encontram rastros uns dos outros.

Zatanna abre a revista com uma página cheia de pistas. Um rosto está disfarçado em todos os quadros. Em três deles, aparece um golfinho, animal-fetiche de Morrison.

O traço de Sook é sinuoso - e faz com que se desconfie de cada sombra ao longo da história. O cenário da loja de objetos mágicos é um convite à caça de interligações com outras séries. E por aí vai, até o final estonteante de Guardião, quase cem páginas adiante.

Mas, no Brasil, não há como fermentar uma discussão genuína e intensa a respeito de Sete Soldados da Vitória. A série chega aqui quando já foi concluída nos Estados Unidos. Todas as discussões possíveis foram feitas - e estão disponíveis para quem fuçar na rede (em especial no site Barbelith, que foi palco de um debate fervoroso e chegou a criar um wiki para a série).

Morrison criou uma obra em que parte da graça depende de um debate rico e embasado a respeito da obra. É, de certa forma, uma provocação aos fãs de quadrinhos norte-americanos (e também do resto do mundo), muito acostumados a usar fóruns para reclamar das editoras e especular a respeito do futuro dos personagens, porém com poucas oportunidades de participar de um debate mais vivo a respeito de uma HQ.

Mesmo excluído da construção coletiva da história, o leitor brasileiro pode curtir Sete Soldados da Vitória na boa. Até mesmo a jornada solitária por suas páginas tem sido uma experiência fascinante. As quatro séries em andamento são diferentes entre si e bastante ricas.

Zatanna tem uma edição empolgante, com um tom completamente diferente da estréia - e ainda uma participação bem-humorada do Vingador Fantasma.

Klarion é uma aventura no submundo de Nova York em que o Menino-Bruxo começa a mostrar a que veio. A arte de Irving é encantadora, com hachuras delicadas quem lembram xilografia nos personagens. Seu traço e suas cores dão a impressão de que o cenário realmente irradia luz.

Em Cavaleiro Andante, Morrison aproveita para apresentar como as civilizações se formam na série, mostrando que a Camelot do jovem é mais antiga do que parece. Também aproveita para retomar o lado mágico da trama, abandonado desde a primeira edição.

A divertida série do Guardião - mais próxima das aventuras de super-heróis e uma nítida homenagem a Jack Kirby, criador do personagem original - continua apresentando lugares inusitados de Nova York sob um ponto de vista bizarro. O herói-jornalista começa uma nova aventura que, aparentemente, levará o leitor a um ponto-chave da série.

A Panini tenta suprir o espaço de debates com uma edição mais cuidada do que a dos títulos de linha. As revistas vêm com resumo dos números anteriores e com a coluna Intersecções, que explora detalhes que ficaram perdidos.

Se ainda quiser correr atrás do debate norte-americano, basta que o leitor procure mais informações na internet. Mas é bom tomar cuidado com eventuais spoilers.

Classificação:

4,0

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